Já me acostumei com a tua voz
Com teu rosto e teu olhar
Me partiram em dois
E procuro agora o que é minha metade.
Quando não estás aqui
Sinto falta de mim mesmo
E sinto falta do meu corpo junto ao teu.
Meu coração é tão tosco e tão pobre
Não sabe ainda os caminhos do mundo.
Quando não estás aqui
Tenho medo de mim mesmo
E sinto falta do teu corpo junto ao meu.
Vem depressa pra mim
Que eu não sei esperar
Já fizemos promessas demais
E já me acostumei com a tua voz:
Quando estou contigo estou em paz.
Quando não estás aqui,
Meu espírito se perde, voa longe.
Já falei aqui sobre, o que eu acho agora, como deve ser uma união a dois, disse que antigamente achava que: “Eu sou eu, e você é você, e quando a gente se encontra e legal”, mas hoje vejo as coisa de maneira diferente, acho que para haver harmonia, eu tenho que ser cada vez mais você e você cada vez mais eu, assim nasce o verdadeiro amor, a verdadeira mágica do apaixonamento é quando nos sentimos incompletos com a ausência do outro, quando nos sentimos sem sentido longe de quem gostamos, quando a falta faz nos dar febre, ai mora a essência do amor, eu sou eu, e você é você é a essência do descaso, do descompromisso.
O amor é um partir em dois nosso corpo, e doar parte de nós a pessoa amada e receber parte da pessoa amada pra si, é sentir-se completo quando perto e desconstruído quando longe, é sentir falta do próprio corpo, é sentir medo de si mesmo, é sentir saudade o tempo todo, é ouvir o tempo todo sua voz é lembrar o tempo todo seu olhar, e sentir o tempo inteiro seu corpo, é reconhecer o cheiro, o calor exato dos seus braços e a hora exata da chegada, é pressentir a surpresa, é adivinhar o presente, é completar a frase e entender um olhar, e principalmente sonhar com ela.
Hoje, acho que o amor é isso, mas tenho pena daqueles que são parte de alguém, mas esse alguém não é parte delas, quando a espera pela chegada não é recíproca, quando a vontade de estar perto não é dos dois. quando o interesse já se perdeu, a saudade já se foi, a admiração acabou. só pra um, lembro-me da musica Os Barcos de Renato:
Você diz que tudo terminou
Você não quer mais o meu querer
Estamos medindo forças desiguais
Qualquer um pode ver
Que só terminou pra você
São só palavras texto, ensaio e cena
A cada ato enceno a diferença
Do que é amor ficou o seu retrato
A peça que interpreto,um improviso insensato
Essa saudade eu sei de cor
Sei o caminho dos barcos
E há muito estou alheio e quem me entende
Recebe o resto exato e tão pequeno
É dor,se há,tentava,já não tento
E ao transformar em dor o que é vaidade
E ao ter amor,se este é só orgulho
Eu faço da mentira,liberdade
E de qualquer quintal,faço cidade
E insisto que é virtude o que é entulho
Baldio é o meu terreno e meu alarde
Eu vejo você se apaixonando outra vez
Eu fico com a saudade e você com outro alguém
E você diz que tudo terminou
Mas qualquer um pode ver
Só terminou pra você
Só terminou pra você
Quando não há mais o feitiço do apaixonamento, e os olhos do outro já não olham nos olhos do mesmo, quando as desculpas são infinitas e ficar perto se torna um compromisso, tudo fica triste pra quem ainda sente saudade, sente saudade de um tempo que não volta mais, saudade de alguém por quem se apaixonou e que foi embora sem deixar endereço ou bilhete de despedida, sente saudade de alguém que levou consigo parte do seu corpo e simplesmente jogou fora. Tudo é triste pra quem sente a rejeição, quando vê que o outro já não acha graça no que se faz, não admira mais suas qualidades, mesmo perto permanece longe, em busca do que é oposto. Tudo é triste para aqueles que esperam de volta alguém que não volta mais.
Hoje eu escrevo para aqueles que suas vidas não são novelas, e sim reais, que o final nem sempre é bonito, que o esforço nem sempre é recompensado, hoje eu escrevo para aqueles que a vida foi injusta, e que deixou esperar em vão, anos e anos, a volta de quem jamais voltou. Hoje quis escrever para aqueles que amam quem nem os reconhece mais, hoje decidi escrever aqueles que choram em silêncio ao ver fotos antigas, ou sentir um perfume em uma carta guardada. Hoje resolvi ser diferente e falar com quem nunca é lembrado, nunca é sentido, falar com aqueles que se sentem tristes, sozinhos, mesmo com alguém ao lado. Pra vocês deixo mais uma linda poesia de Pablo Neruda.
Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.
Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.
Quando não estas aqui, meu espírito se perde, voa longe......