terça-feira, 16 de setembro de 2008

FOTO FERIAS


Foto das minhas férias em algodoal, um lugar fantástico, onde não se ouve brega e nem forró. inacreditável não é?

THE WALL (VOU RASGAR MEU DIPLOMA)


Quando falo sobre educação como prioridade na vida do ser humano, não quero dizer apenas de educação institucional, aprendida em sala de aula, falo em educação de conhecimento de um modo geral, educação reflexiva principalmente.
Falo dessa forma, pois semana passada uma professora me parou na rua e disse gostar muito do que escrevo mais não concordou quando falei sobre educação, pois nem todo mundo tinha a oportunidade de cursar uma universidade publica como eu tive. Sabe de uma coisa? Ter ido à universidade não me faz muita diferença, o problema é que as pessoas só reconhecem a legitimidade da educação de instituição, que nem sempre, que quase sempre não é eficiente. Fico vendo um monte de gente que não sabe nada com diploma na mão por ai, ta certo que não sabiam nada antes de entrar na universidade, mas agora não sabem nada com o agravante de pensar que sabem, isso é horrível, são cegos que morrem felizes por jurarem ver alguma coisa.
A universidade virou mercadoria barata, sem qualidade, legitimada pelo governo pra enganar e levantar a auto-estima de pobres sem esperança, e enriquecer instituições sem compromisso. Devemos construir nossa própria educação, devemos imaginar um mosaico de tudo aquilo que gostamos e ai começarmos a procurar vitrais pra construí-los, ai sim seremos profissionais reflexivos que conseguem enxergar um pouquinho além de nossos pés, seremos educadores que reconheceremos nossas crianças por nome e não limitá-las a um pontinho em um papel cheio de quadrinhos, ou seremos médicos que pensaremos em nossos pacientes e não limitá-los a cruzes em questionários. É necessário construir nossa própria educação como forma de nos fazermos indivíduos completos e singulares.
Quem ja ouviu Another Brick in the Wall do Pink Floyd?


We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave the kids alone
Hey teacher leaves us kids alone
All in all you're just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall

Não precisamos de nenhuma educação
Não precisamos de nenhum controle de pensamento
De nenhum sarcasmo sombrio na sala de aula
Professor, deixe as crianças em paz
Ei, professor! Deixe-nos, crianças, em paz!
Ao todo, você é apenas mais um tijolo no muro
Ao todo, você é apenas mais um tijolo no muro


Você é mais um pedaço no muro? Dizem que eu sou pessimista, que eu só sei falar mal, que não gosto de nada, que não elogio nada, mas não é verdade, há muito tempo venho observando a alienação que as funções exercem sobre as pessoas, pra comprovar isso basta sentar perto de uma rodinha de professores por 5 minutos, Meu Deus! Quase impossível, ou em um grupinho de enfermeiros, nem pensar! Um dia desses vi uma mulher olhar pro meu braço e dizer :
- que veia linda!
Credo, Parece o filme tempos modernos do Charles Chaplin, ou melhor, um tijolo no muro.
Mas há algumas semanas vi uma profissional de saúde diferente, uma pessoa tão humana, preocupada de fato com as pessoas. Não era aquele negócio de cruzinha em folha de papel e nem só relatório de nascidos mortos, era alguém que sentia junto, ia além da mesa do escritório. Por poucos minutos que fiquei perto, fiquei , de novo, esperançoso, que ainda podemos mudar, que existem pessoas que podem fazer diferente, ainda existem pessoas que sentem o que eu sinto, que não querem fazer parte do muro, pessoas de olhar diferente, que não andam pelo caminho das pedras trilhados pelos outros, fazem seu próprio caminho, fazem suas próprias descobertas. Isso me lembra Leonardo da Vinci, que foi um gênio por trilhar seu próprio caminho. Pelo fato de não ser filho legítimo, não poderia estudar nas melhores escolas, então decidiu ele aprender as coisas do seu modo, sozinho, por isso ele escrevia de trás para frente, e por isso tinha uma visão diferente das coisas, não precisou da experiência de ninguém, de tudo que lhe interessou ele foi atrás. Teve seus olhos totalmente descontaminados das “certezas” alheias. Disso mesmo que eu tenho medo, das certezas alheias, isso sim nós contamina, nos aliena e nos faz sermos apenas mais uma pedra. Tenho certeza que se Leonardo da Vinci tivesse ido pra uma escola brasileira, de hoje em dia, não teria sido o que foi, pois teriam matado todas as suas idéias, teriam o colocado de castigo com orelinhas de burro, ou teriam mandado chamar a mãe dele e dito:
-Esse menino fala demais.
Perguntariam? Você tem curso profissionalizante da Microlins? Você tem experiência com 2 anos de carteira assinada? Coitado, se Leonardo voltasse hoje à vida e viesse morar no Brasil estaria desempregado, pois por aqui, nossos “Educadores” não reconhecem a educação que não venha das instituições falidas que gerenciam, não reconhecem qualquer que seja o talento sem um diploma caríssimo a tira-colo.
Semana passada me deu vontade de queimar meu diploma, pois não quero que me confundam com esses “educadores” por ai. Esse monte de gente de mente burocrática que nada sabem. Não quero ser pedrinha de muro e muito menos ficar falando mal do “sistema” em sala de professor por ai.
Agora vou dar meu conselho, queridos professores não sabedores de quase nada, deixem nossas crianças em paz, por favor, não queiram que eles sejam pedras no muro como vocês. Quando eles chegarem à escola não fale nada, levem-nos para um biblioteca e deixem que eles interajam e descubram o que necessário aprender sozinhos, não os contamine com suas “certezas nunca pensadas”, fiquem em silêncio.
Aos amigos burocratas “gestores” de nossa educação falida, continuem sentados em suas cadeiras marcando seus pontinhos nos papeis quadriculados, sem gastar muito dinheiro público, não vá a escola fazer discurso algum de bom gestor, isso vai atrapalhar o raciocínio de nossas crianças que estarão tentando descobrir o que querem aprender.
Aos meus amigos profissionais de saúde, assistam, pet Adams com Robin Williams e sejam mais humanos como minha amiga que conheci.
Quanto a mim, acho que vou rasgar meu diploma, mas não serei mais uma pedra no muro.

In memoriam: Richard Wright