segunda-feira, 24 de novembro de 2008

POESIA

BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.

Mario Quintana

POESIA

RECORDO AINDA

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...

Mario Quintana

POESIA

EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana - A Cor do Invisível

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

SOBRE MUITAS COISAS


Não é sempre, mas às vezes eu tenho esperança, às vezes fé, às vezes acho que de fato as coisas podem melhorar, mas não é sempre. Esses dias ouvi a música O impossível não existe e ela despertou em mim uma coisa tão gostosa, uma vontade de viver, de acreditar, de correr atrás.

Levantarei o meu olhar para os montes
Sei que de lá
Certo virá
Tua ajuda tua mão preciosa a me guiar
Deus de amor
Faz em mim o impossível não existir
Alimente a fé em meu coração
Me dê a sua mão
Quero ser mais que um simples ser
Sem destino e opção
Mostra a tua luz ilumina o meu caminhar
Sempre em tua direção
Acreditarei que sou capaz que tudo posso
Por teu amor e tua promessa
Hoje quero mudar o percurso desse mar
(Kim)


Esses dias recebi uma postagem um pouco chateada de alguém que dizia achar meus textos parecidos com auto-ajuda e não entendia eu criticar esse tipo de literatura. Na verdade textos de auto-ajuda são baseados em positivismo exagerado,mentirinhas bonitinhas pra enganar, já os meus textos são baseados em realismo exagerado, eis ai uma grande diferença, não escrevo pra alegrar as pessoas a qualquer custo enganando-as, não digo que tudo no final da certo, não falo, de forma alguma, que tudo pode ser resolvido só com pensamento positivo, odeio positivismo infundado e irresponsável, escrevo o que sinto e acho que de certa forma corresponde o que um monte de gente sente. Mas independente de tudo isso, sei que existe uma mão que pode nos ajudar nos momentos difíceis, sem banalizar, sem falso positivismo, sei que existe uma luz lá no fundo quando tudo esta escuro, alguém que alimenta minha fé quando estou quase desacreditando de tudo. Hoje já, praticamente não vou à igreja, pois a luz que vejo, que me enche de fé, não é nada daquilo que vejo nos templos atuais, como promessas de casa, carros, dinheiro. Essas promessas não me fazem feliz, não me deixam a vontade, me deixam distante da luz. Me sinto oposto ao que dizem ser a casa de Deus, já não vou, pois não consigo ver, não posso fingir pra agradar aos olhos de alguns, que tudo está em paz na minha vida, pra provar, pra não sei quem, que sou mais feliz que eles. Esses coisas são bobas demais, não participo desse tipo de competição pessoal e odeio as pessoas que tentam competir comigo imaginando que eu não sei de nada. Enquanto se sentem os tais, com joguinhos psicológicos pífios, e mentiras mal contadas, eu já scaneei suas mentes e antecipei seus atos, já me guardei deles e fechei minhas cortinas.
Mas lembro que nem sempre foi assim, sei que às vezes acordo bem, mas não é sempre, assim como em Angra dos reis.

Deixa, se fosse sempre assim
Quente, deita aqui perto de mim
Tem dias, que tudo está em paz
E agora os dias são iguais..

Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar...

Vamos brincar perto da usina
Deixa pra lá
A Angra é dos Reis
Por que se explicar
Se não existe perigo...

Senti teu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar
Uh! Uh! Uh! Uh!...

Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi...

Mesmo se as estrelas
Começassem a cair
A luz queimasse tudo ao redor
E fosse o fim chegando cedo
Você visse o nosso corpo
Em chamas!
Deixa, pra lá...

Quando as estrelas
Começarem a cair
Me diz, me diz
Pr'onde é
Que a gente vai fugir?
(Renato Russo)

Não sei se minha inocência me protegia, ou de fato, antigamente era diferente, talvez seja saudosismo, mas hoje me da vontade de ir embora pra um lugar diferente longe disso que eu vivo. Às vezes sinto que o barulho da TV ou mesmo a voz das pessoas vão me enlouquecer, por isso talvez meu corpo insista em ficar acordado de noite, quando tudo esta em paz, em silencio, talvez eu precise do silencio, e os remédios que tomo para que o sono venha, são agressões ao meu corpo, como se eu quisesse lutar contra ele. Mas também, pode ser que eu veja tudo como em Andrea Doria.
Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...

Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...

Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...

Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...

Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...

Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...

Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...

Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...

Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também..
(Renato Russo)

Achava que poderia ter o mundo, que tudo podia fazer, mas um dia descobri que não era verdade, um dia percebi um sorriso diferente, uma apatia, mas queria de qualquer forma aquele sorriso de volta, aquela vida de volta, mas tudo se perdeu num de uma hora para outra. Dói tanto saber que perdemos algo amado. Às vezes podemos nos enganar por uma fração de segundo que tudo voltou como era antes, mas não é verdade, é preciso se acostumar, agora sou assim, estou assim. Um dia nada mais lhe fere, pois seu corpo se acostuma, acabamos por perder a cor e assim ficar forte, cortamos nossos pulsos e jogamos nosso sangue no lago pequeno. Acostumamos ver nossos rostos anêmicos no espelho, e ficar calado, e ouvir dizer que já estamos melhor, a sorrir com o canto da boca, aprendemos a desaprender o significado de gratidão de tanto sermos traídos, aprendemos não chorar muito, aprendemos a fingir que não vemos aquela pessoa, aprendemos a jogar cartas antigas fora, esquecer de perfumes, aprendemos um modo de esquecer o que nos assola, aprendemos a esquecer aquilo que foi planejado quando éramos mais novos, e a regar flores de plástico, mesmo sabendo que elas nunca crescerão, aprendemos a cultivar nossa tristeza e domesticarmos nossa alegria. Aprendemos a deixar de gostar pra que a dor seja menor, aprendemos a deixar de gostar daquela música, aprendemos por fim a jogarmos o jogo da vida.
Mas, o mais importante é que no fim de tudo, aprendi que, quando tudo esta meio escuro, triste e sem sentido, alguém, em algum lugar sagrado, silencioso e bonito, ouve minha oração, meu chamado, quando tudo esta doendo demais, ele me faz dormir, me acalma, passa as mãos em meus cabelos e me pega no colo. Não sei onde ele mora, mas tem vezes que posso senti-lo assim como ele também me sente. Sei que por algum motivo maior ele não pode fazer algumas coisas, pois sei que às vezes ele chora comigo também. Sei que há caminhos que desconheço, e que não cabe a mim conhecer, e que às vezes, é preciso mergulhar mais profundo pra encontrarmos algo, e que a arrogância que nos é plantada impede que aprendamos que sabemos pouco ainda sobre muitas coisas.

Por falar de amor
Por falar de paixão
Por falar de coisas do coração
Por falar de mim lembrei de você
Faz tempo que a gente não se vê

Por falar de vida
Falar de razão
Por falar de amizade
De emoçao
Por falar de esperança
Lembrei de você
Mas faz tempo que a gente não se vê

Ah! sobre muitas coisas
Eu quero te falar
Ah! sobre tudo em fim
Que lembre o nosso amor...

(Kim)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A ROSA DE HIROSHIMA

Tinha decidido não escrever sobre a onda de violência que a TV anda noticiando, pois falar sobre isso parece modismo, todo mundo esta dando uma de psicólogo tentando explicar porque a menina Eloá morreu. Eu não estou aqui para explicar porque ela morreu, mas é impossível ficar inerte em meio a esse mar de estupidez que estamos vivendo, meu Deus, o que esta acontecendo de errado? acho que nossos sentimentos estão sendo banalizados, estamos vivendo um processo de desvalorização do que nos deveria ser sagrado, que são as coisas que sentimos. estão capitalizando o amor, a saudade, a compaixão, o carinho, estão querendo vender tudo isso enlatado.

A capitalização dos nossos sentimentos e a institucionalização da vida são responsáveis desde a bomba de Hiroshima até tragédias como as da Eloá. Estão controlando os sentimentos das pessoas, estão ligando e desligando as coisas nas pessoas. É muito mais fácil vermos pessoas comovidas com o sofrimento da Donatela do que com a fome dos próprios vizinhos. Tanto os valores como o que sentimos está sendo desligado pela televisão, ou seja, a televisão tem um controle remoto das pessoas, e não mais as pessoas tem o controle sobre seus aparelhos de televisão. A morte em filmes e a violência gratuita, virou coisa tão corriqueira que não conseguimos nos sentir chocados com mais nada. não é difícil vermos adolescentes que saem atirando em todo mundo baseados em filmes que assistiram, mesmo não saindo imediatamente colocado em prática o assistido, vai se acumulando, e se convencendo que tudo isso é normal, que devemos matar todos aqueles que nos fazem mal, que pisam nos nossos pés, assim como o Rambo faz ou o Esterminador do futuro. Não vejo nada que contraponha essa tendência de vida, não consigo mais ouvir as verdadeiras musicas de amor, nem poesias de beleza, as músicas de hoje banalizam o amor, confundem apelo sexual com sentimentos de amor, vendem amor como uma noite de sexo. Estão querendo dar preço ao amor, mas isso não tem preço, o corpo de quem ama é sagrado, incomprável. O amor vem das coisas de simplicidade, de saudade gostosa, de perfume da folha de papel, de fotos antigas achadas no fundo da gaveta, assim como na música Vamos fazer um filme do Renato Russo.


Achei um 3×4 teu e não quis acreditar
Que tinha sido a tanto tempo atrás
Um bom exemplo de bondade e respeito
Do que o verdadeiro amor é capaz
A minha escola não tem personagem
A minha escola tem gente de verdade
Alguém falou do fim-do-mundo,
O fim-do-mundo já passou
Vamos começar de novo:
Um por todos, todos por um
O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda , morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme
E hoje em dia, como é que se diz: “Eu te amo.”?
Sem essa de que: “Estou sozinho.”
Somos muito mais que isso
Somos pinguim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:
Quero viver a minha vida em paz
Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia
E hoje em dia, como é que se diz: “Eu te amo.”?
Vamos Fazer um filme
Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo

(Renato Russo)


Quase já não assisto televisão, acho perda te tempo, estou no processo de desintoxicarão cerebral, dizem alguns, que ando lendo demais, mas não acho, leio menos do que alguns assistem televisão. As pessoas precisam aprender a conhecer coisas novas, aprender a buscar novos parâmetros de vida, novas fontes de prazer, de reflexão. Acho que no fundo, a escola tem o papel de contrapor os maus exemplos do dia-a-dia, formar mentes conscientes e principalmente capazes de desligar um aparelho de televisão antes que ele o desligue do mundo. Por exemplo as escolas poderiam começar pela poesia de Vinicius de Moraes chamada A Rosa de Hiroshima.


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

(Vinicius de Moraes)


Acho que todos que lêem essa poesia conseguem ter uma idéia melhor do quão brutal e desumano foram as bombas de Hiroshima e Nagazaki. Mas como podemos ter criado pessoas com um grau de desumanização tão grande a ponto de fazer tais coisas? com certeza não foi de um dia para o outro, foi um processo. por isso é preciso fazer alguma coisa, é preciso repensarmos nossos valores, observar o que nossos filhos assistem na TV.

De tudo, como se diz Eu te amo? quase ninguém sabe, alguns pensam que é com uma nota de 100 reais, outros pensam que é dar uns “amassos” na gatinha ou sair “pegando” todas que encontrar pela frente. Dizer eu te amo não é pelo orkut não, é coisa de pele, é jantar a luz de velas, e andar de roda gigante, é ir no cinema e sentar juntinho, é deitar embaixo da árvore e lembrar de coisas passadas, mas não é ir na festa do Pop Som ficar bêbado, pegar pelo cabelo da “cachorra” e arrastar pro escuro, ou usar as mulheres como copo descartável. dizer eu te amo vem de namorar escondido, ficar com medo de ser pego, perder o horário, ter histórias legais pra contar quando a velhice chegar. Amar é tanta coisa, mas que pouca gente sabe, e hoje em dia, como é que se diz eu te amo? As vezes é tão fácil falar de amor e outras tão difícil, as vezes o amor parece estar, outras parece que foi embora, ou mesmo que nunca esteve, mas para o amor, as vezes é preciso lembrar de algumas coisas e outras vezes é preciso simplesmente esquecer.

Amar!
É quando não dá mais prá disfarçar
Tudo muda de valor
Tudo faz lembrar você
Amar!
É a lua ser a luz do seu olhar
Luz que debruçou em mim
Prata que caiu no mar

Suspirar sem perceber
Respirar o ar que é você
Acordar sorrindo
Ter o dia todo prá te ver

O amor é um furacão
Surge no coração
Sem ter licença prá entrar
Tempestade de desejos
Um eclipse no final de um beijo
O amor é estação
É inverno, é verão
É como um raio de sol
Que aquece e tira o medo
De enfrentar os riscos
Se entregar...

Amar!
É envelhecer querendo te abraçar
Dedilhar num violão
A canção prá te ninar

Suspirar sem perceber
Respirar o ar que é você
Acordar sorrindo
Ter o dia todo prá te ver...

O amor é um furacão
Surge no coração
Sem ter licença prá entrar
Tempestade de desejos
Um eclipse no final de um beijo
O amor é estação
É inverno, é verão
É como um raio de sol
Que aquece e tira o medo
De enfrentar os riscos
Se entregar...

(Cleberson Horsth - Ricardo Feghali)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

ESCLARECIMENTO


Venho através deste pedir perdão a todos os clientes da Allnet e mesmo aqueles que de alguma forma necessitam da internet para os mais diversos fins. Estamos trabalhando para que problemas como este não se repitam mais, e que nosso sistema seja cada vez melhor para todos nós. Espero contar com a compreensão de todos e que a internet sirva para o enriquecimento cultural de todos.


Paulo Roberto Braga

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Texto Republicado

Decidi republicar esse texto pois ele não foi visualizado por usuários do navegador Internet explorer, ou seja, apenas os usuários do firefox leram o texto. na verdade esse é o texto com o nome "Um dia perfeito"


Hoje acordei pensando em um dia perfeito, iria agir como se o dia fosse perfeito, ontem não estava nada bem, então decidi radicalizar e determinar que meu dia poderia ser simplesmente sem problemas. Não durou muito até que eu caísse na real e descobrisse que não é tão fácil assim. esse negócio de determinar as cosas, poder da palavra, pensamento positivo é coisa de livro de auto-ajuda, que por sinal eu odeio, é meio parecido com aquele livro, “Casais inteligentes enriquecem juntos” ou “Enriquecendo com o poder da mente” ou “ Determinando a vitória” , pelo amor de Deus, isso é piada, conselho número 1° Se você não tiver nada pra ler, mesmo assim, não leia estes livros, eles emburrecem, leia por exemplo bula de remédio, cardápio de lanchonete, é bem melhor. os livros de auto-ajuda só tem uma finalidade, enriquecer quem os escreve. Por exemplo, no livro “Enriquecendo com o poder da mente” deveria ter apenas um conselho, Escreva livros de auto-ajuda. e impressionante como esses livros vendem, as livrarias estão abarrotadas dessas enganações. Uns dias atrás resolvi ir a livraria do aeroporto enquanto aguardava, perguntei a vendedora se tinha algum livro de Robert Frost, ela ficou me olhando com uma cara de perdida, então perguntei se tinha algum livro do Pablo Neruda, e ela continuava calada, por fim perguntei se ela tinha algum livro do Gabriel Garcia Marques, pra facilitar ainda falei “Cem anos de solidão” que é a mais linda obra de Gabriel e um dos maiores best-sellers da literatura mundial, mas nada ela conseguia falar, parecia estar engasgada, até que por fim para fechar com chave ouro ela diz: -Mas temos o livro novo do Dr. Lair Ribeiro.

eu apenas ri é sai, fiquei com vontade de dizer que estava falando de livro de verdade e não de auto-ajuda. Esse tipo de livro está pra literatura assim como novela está pra televisão, ou seja, instrumento de alienação, tentativa de moldura de pensamento, retrocesso de consciência. É o sonho das entidades dominadoras o dia em que todos nós pensaremos iguais, ai vai ficar bem mais fácil de dominar.


....E meus amigos parecem ter medo
De quem fala o que sentiu
De quem pensa diferente
Nos querem todos iguais
Assim é bem mais fácil nos controlar
E mentir, mentir, mentir
E matar, matar, matar
O que eu tenho de melhor: minha esperança
Que se faça o sacrifício
Que cresçam logo as crianças.

(Alhoa Renato Russo)


E assim segue meu dia, triste mais conformado que não sou mais um engaiolado-mental, agalhinhado-intelectual com medo da repressão daqueles que não querem que eu pense ou não entendem o que eu sou. Sabe de uma coisa? eu até entendo as pessoas que insistem em me chamar de doido, louco, desequilibrado, é bem mais fácil me jogar pro outro lado da cerca da insanidade do que gastar neurônios pra entender as coisas que são lógicas pra mim. De algumas pessoas eu até já espero esse tipo de comportamento, pois seus limites intelectuais impedem que tenham uma outra visão de mim. Mas de outras pessoas, não posso negar, Me magoa bastante saber dessas coisas. Essas e outros são os motivos de eu estar meio sumido, esse é eu modo de dizer eu não concordo com muitas coisas, eu não agüento ver pobreza, miséria e descaso, lembro-me do dia 7 de setembro quando fui acompanhar minha filha em seu desfile escolar, ao comprar um refrigerante de um ambulante, olhei para meu lado direito e vi uma criança, um pouco distante, com o maior olhar de desejo que eu jamais tinha visto, um olhar de fome, de carência. tentei me aproximar mais sua mãe a arrastou pra longe dali. Parece tão simples, e as vezes impensado pra nós, que temos quando queremos, o quanto um pouco de refrigerante é algo fabuloso pra algumas crianças, o quanto elas desejam coisas tão simples, e não podem ter, e a dor dos pais que não podem dar? No final do desfile as pobres crianças com suas roupinhas de escola desbotadas saiam envergonhadas, se defendendo da arrogância dos "bem-aventurados" que saiam em disparada, indiferentes, em seus carros, rumo as suas casas com muros altos. Não senti outro sentimento que não fosse a vergonha, quase não conseguia me mexer, tive vontade de sumir. Estar assim, sumido, é meu modo de dizer que eu não faço parte dessa gente indiferente, que eu não vejo graça em me sentir melhor do que ninguém e que as injustiças ainda me doem demais.


Quase morri
Há menos de vinte e duas horas atrás
Hoje a gente fica na varanda
Um dia perfeito com as crianças.

São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
Tão simples: um dia perfeito

Corre corre corre
Que vai chover Olha a chuva!
Não vou me deixar embrutecer
Eu acredito nos meus ideais
Podem até maltratar meu coração
Que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar.

(Um dia perfeito Renato Russo)


tenho que confessar pra vocês que estou me sentindo meio em pedacinhos, cheio de ausências e feridas, dores e tristezas, e sem ninguém pra dizer. Tem horas que quase me convenço que as ausências estão sendo maiores, mais ai eu descubro que meu dia perfeito são feito de pequenas coisas que me fazem forte por um segundo, e que sem pressa, eu posso me distrair com os pequenos pingos de chuva, e que por mais que tentem, nunca, aqueles que me detestam, vão conseguir me embrutecer e me tornar insensível as coisas ao meu redor, porque eu, acima de tudo, acredito nos meus ideais e nos meus princípios pois podem até maltratar meu coração, que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar.