quinta-feira, 19 de maio de 2011

E o Amor Será Eterno Novamente


Estou de mal com meu coração, meio sem ter o que dizer, assim como o Saramago, que diz ter ficado anos sem ter o que dizer, assim estou eu, me sentindo tão insignificante, tão pequenininho, meio assim bolha de sabão, meio que perdido de vez enquanto, não é sempre, mas tem dias que fico meio chateado com as pessoas, com essa guerra diária que temos que travar pra poder sobreviver.
 Estou definidamente desacreditado das coisas, do mundo e das pessoas, das religiões. Esses dias estava acordado de madrugada e resolvi ligar a televisão, vi tantos absurdos que decidi desligar e fingir que eu não estava vendo aquilo, estão definitivamente enlatando Deus e vendendo no atacado, estão brincando com a fé alheia sem a menor dor de consciência, onde esta a igreja que Deus nos deixou, onde moram aqueles que devem nos consolar, nos dar a mão, nos ajudar nos dias de fraqueza, enxugar nossas lagrimas, falar uma palavra de esperança, trazer um espírito de alegria. Será que tudo se perdeu de vez? Será que tudo esta condicionado ao dinheiro?

...Na criação Deus fez o jardim,
lugar para todos homens mulheres e crianças felizes, felizes, felizes.
Pense no seu trabalho e na extensão da jardinagem de Deus,
E como estais integrado
Será que o lucro é bom pra jardinagem?
Jardins para que todos sejam felizes,
Mais ricos e grandes potentes, homens mais felizes.
Onde estão as igrejas do resgate deste jardim?
As feras invadiram o paraíso,
E nós que somos corpos de Deus,
Fechamos os olhos para orar,
Será que não nos agrada o jardim?
Buscamos Deus fora do jardim
Será que não vemos a beleza que ainda resta?

O Jardim e o Corpo
Composição : Kim, Júlio e Cezar

Lembrei então da musica O Jardim e o Corpo da banda catedral, Música que está em um dos Primeiros Álbuns da Banda, na verdade essa música é baseada em um livro de Rubem Alves. Assim eu acreditava nas igrejas, Jardins para acalmar nossas almas. Mas o que eu quero falar não é isso, quero falar de toda a minha desesperança com as coisas de hoje em dia, Não sei se só incomoda a mim, não existe mais refugio seguro, esta tudo escuro, Os jardins de Deus foram queimados com o fogo da ambição de mercenários engravatados que só pensam em enganar e saquear a dignidade de gente sofrida. Acho que Deus se mudou faz tempo desses lugares.
 Estava muito preocupado com toda essa situação, mas lembrei que Saramago também era assim.

Não sou pessimista. O mundo é que é péssimo
José Saramago

  Assim como Saramago estou desacreditado completamente das coisas, mas com uma diferença, Saramago vendeu milhões de livros e ganhou um Nobel de literatura. Enquanto eu, provavelmente meu segundo livro vendera menos que o primeiro e eu definitivamente não ganharei um Nobel, e mais, possivelmente, só pra não sair da rotina, depois de passar uns 130 anos da minha morte, algum idiota em algum lugar do mundo, ainda pior que hoje, pegara meu livro e dirá:
- Esse cara era um gênio.
Então todos comprarão meu livro, então deverei virar modinha, alguma editora que ainda não existe provavelmente terá meus exclusivos direitos, então acharão mais alguns textos meus inéditos e publicarão, qualquer coisa parecida com os livros que temos hoje em dia, e ganharão bastante dinheiro, darão algo em torno de 0,000001% dos valores para um parente meu que eu nunca conhecerei, ele dará entrevistas e dirá o quanto tem orgulho de pertencer a minha árvore, serei tema de palestra de auto-ajuda, motivação em grupo ou algo parecido, inventarão dezenas lendas ao meu respeito, só pra criar ao aquele clima, algo como dizer que eu escrevia meus textos em cima de um vaso sanitário ou que dormia de cabeça pra baixo,  coisas desse tipo, idiotices de idiotas. Mas esse destino Van Gogh definitivamente não me chama nem um pouco a atenção, acho meio sacana esse tipo de sucesso repentino póstumo, acho que mereço que meus olhos ainda vejam algum tipo de justiça, ou pelo menos algo que se faça justo a meu respeito. De nada me vai adiantar
Mas entre Saramago e eu, não existe apenas as diferenças de um Nobel de literatura e esse realismo quase que insuportável, entre Saramago e eu existe uma grande diferença, no final do túnel de nossas “desacreditanças” Saramago simplesmente dizia não haver mais nada, apenas escuridão, mas eu, ainda acho que ha uma luz, que há uma saída, que bem pra lá, bem depois da quase que insolúvel estrema escuridão há uma pracinha de jardins. Tem dias que eu até sonho com ela, mas de manha minha mente insiste em esquecer, mas sei que é bom, que existe, que está lá, e que me chama insistentemente. La eu acho que está à casa das moradas que Rubem Alves diz, sempre tentei entender o que dizia, até que um dia vi. Não é só isso, pois não pode ser, eu não sou daqui, eu já estive em outro lugar, pois de vez em sempre eu sinto tanta saudade do que eu não sei explicar, uma imensa inexplicável e inexorável vontade de voltar pra não sei onde, as vezes minha mente tenta materializar essa saudade com coisas que eu sei que não são. Às vezes acho que eu não vou morar nesse lugar, mas esse lugar vai morar em mim, pra poder ocupar esse buraco que só faz crescer aqui dentro, essa falta que me mata, que me faz acordar de noite.

O Sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
É o juízo final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver
A maldade desaparecer
O Sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
  
Nelson Cavaquinho e Elcio Soares
Juízo final

Acho que um dia acharemos o caminho, as injustiças desaparecerão, a maldade morrera é o amor será eterno novamente, chegara nossa vez, meus olhos verão a justiça, os maus de coração pagarão todo rancor, assim já dizia o samba de Nelson Cavaquinho e Elcio Soares, o sol há de brilhar mais uma vez... Com certeza Há de Brilhar.