Vou fazer algo que nunca fiz que é explicar uma música, não
faço pois acho melhor cada um adequar a sua própria história as coisas que
escrevo, mas essa é bem diferente, me levou aos dois extremos de sentimento, da
felicidade ao desapontamento, desapontamento pois me fez decidir nunca mais participar de festivais de música,
e felicidade pois, logo depois ficou marcada como uma das musicas mais
conhecidas da banda.
Um dia estava indo a universidade, quando percebi a moça que
estava ao meu lado, chorava discretamente. Fiquei um tempo sem ter o que dizer,
até que perguntei se precisava de ajuda, ela me olhou e disse que infelizmente não.
Depois de algumas palavras me disse que havia perdido uma pessoa muito especial
em sua vida em um atropelamento, que mesmo passados quase um ano da tragédia,
sempre lembrava os momentos bons que viveram e inevitavelmente chorava. Lembro-me
que eu estava com uma apostila e uma caneta nas mãos pois planejava estudar, e
resolvi anotar nas margens do papel algumas coisas que ela me falava. Dizia ela,
por exemplo, que mesmo sabendo que ele
já não estava mais, as vezes tomava seu banho, vestia a roupa mais bonita, e no
horário em que sempre aparecia em sua casa, sentava no pátio e lhe esperava, “pois
precisava ama-lo”. Dizia também que só conviveu com ele por 9 meses, mas que no
fundo sabia que se tratava do amor de sua vida, que viveram intensamente os
poucos meses, porem carregava um único arrependimento, o de nunca ter dito que
o amava, pois quando ele lhe fazia a pergunta, ela sempre lhe dizia que “era
cedo pra dizer”. Mas que apesar de tudo,
acreditava que haveria um lugar onde um dia se encontrariam e continuariam sua
história de amor.
A viagem acabou ela desceu e nunca mais a vi.
Ao chegar em casa, peguei me violão e escrevi a música.
Meses depois fomos convidados ao festival de música em São
Domingos. Resolvi que essa seria a música que iriamos cantar, pois modestamente
achava uma letra muito boa. Mas pra minha decepção total, perdemos para uma
música que tinha uma letra com 4 palavras repetidas infinitamente dentre duas
notas. O mais incrível e não ter se classificado nem entre as 5 finalistas.
Conclui nesse dia que talvez não fosse compreendido naquilo
que escrevo. Pensei em nunca mais cantar minhas músicas em público.
Meses depois voltei a São Domingos e ouvi o Algi (meu velho
e bom amigo) cantando a música, e toda a galera que estava do lado acompanhando.
Nunca falei pra ninguém, mas isso me fez desistir da ideia de parar de escrever e
cantar.
Para minha surpresa, essa semana, abri meu facebook é vi
esse vídeo. Grande presente, grande interpretação e grande estímulo pra escrever
novas canções.
Clara é à noite;
Quando estás aqui;
Não sei por quê;
Não posso mais te ouvir.
Teu silencio vai matar meu coração;
Se você partir, que não demores muito.
Pois preciso te ouvir de coração;
Preciso te encontrar;
Preciso ser feliz;
Eu preciso te amar...
Ser feliz é sempre;
Não entristecer;
Amar é sempre amar;
E nunca esquecer.
Sempre as flores vão mostrar minha paixão;
Quando você voltar;
Que me conquistes sempre.
Pois preciso te ouvir de coração;
Preciso te encontrar;
Preciso ser feliz;
Eu preciso te amar...
Quantos olhos tristes;
Quanta indecisão;
Suas mãos que estavam aqui;
Agora tocam o chão.
Como eu posso te dizer pra acreditar;
Mesmo sem poder;
Eu quero te esperar.
Pois preciso te ouvir de coração;
Preciso te encontrar;
Preciso ser feliz;
Eu preciso te amar...
Sei que “é cedo pra dizer”;
Mais foi tarde pra você;
Vejam a vida de nós dois;
Nunca deixem pra depois.
Há de haver algum lugar;
Onde eu possa te encontrar;
Onde eu possa te dizer;
Vou ficar só com você...
Vou ficar só com você...