quarta-feira, 23 de março de 2011

As Respostas de Amor são Sempre as mais Simples.



Perguntou-me então, um dia desses, certo alguém, o que deveria fazer em relação ao seu casamento, achava ela não gostar mais do seu par, então respondi, procure senti-lo compreende-lo e respeita-lo, fique com ele, tente ver o que há de bonito em seu coração. Em outra ocasião me perguntou uma moça o que deveria fazer de sua relação pois apesar de bastante complicada, achava ela, que ainda gostava  de seu amor, respondi então: Largue ele, antes que o amor termine de vez  e só fique rancor, abandone-o antes que não exista nada de bom de que se lembrar, termine, antes que não lhe sobre nem uma fantasia de recordação. A terceira pessoa , finalmente me disse: não sei se ainda gosto dele, não sei se ainda o perdoei e ele me perdoo. Então respondi: você não o perdoou, e nunca o fara, pois não sabe o que é perdoar, perdoar não é dizer e depois lembrar, perdoar é como um voo de pássaro, não deixa rastros, nem rancor, nem magoa, nem lembrança, é simplesmente  nunca mais falar sobre o ocorrido, e dizer que nunca existiu, é começar de novo, é renascer. Perdoar não é como o mover das cobras, cheio de rastros e marcas, é a ausência absoluta do passado que magoa.
Fico indignadíssimo com aqueles que dizem as coisas sem ao menos ter noção do que se trata, que banalizam, rotulam e modificam o significado das coisas. Por isso não saio aos quatro ventos dizendo que eu tenho a plena capacidade de perdoar, muito menos fico dizendo que o perdão é divino. Se fosse, eu, simples mortal, não teria capacidade de tê-lo. Mas as coisas não são assim, temos a errônea mania de achar que todo perdão é bom, mas não é, veja a dissertação sobre o perdão que Rubem Alves faz:

-” Não sei se se deva perdoar sempre. Como perdoar o torturador? Como perdoar o adulto que espanca uma criança? Como perdoar a inquisição, os campos de concentração, a bomba atômica, os homens públicos que se enriquecem às custas do dinheiro do povo que sofre e morre? Quem perdoa tudo é porque não se importa com nada.”

Nem tudo pode ser desculpado. Não se pode desculpar quando o pedido não é verdadeiro, por exemplo, não se pode esquecer quando o pedido e arrogante, não se pode deixar pra lá quando não se tem a noção da dor, do estrago, e das marcas que ficaram. O perdão não pode de forma alguma ser banalizado, dado de qualquer jeito, pois se corre o risco de sempre lhe fazerem o mal tendo a certeza que, posteriormente, sempre vira o perdão, então você acaba por se tornar previsivelmente vítima de sua própria bondade, se isso pode ser classificado como bondade. Digam o que disserem, mas existem coisas imperdoáveis sim, assim como existem dores que nunca passam ou feridas que nunca saram.
Assim diz a Música L'Aventura.

Quando não há compaixão
Ou mesmo um gesto de ajuda
O que pensar da vida
E daqueles que sabemos que amamos ?
Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro
Corri pro esconderijo
Olhei pela janela
O sol é um só
Mas quem sabe são duas manhãs
Não precisa vir
Se não for pra ficar
Pelo menos uma noite
E três semanas
Nada é fácil
Nada é certo
Não façamos do amor
Algo desonesto
Quero ser prudente
E sempre ser correto
Quero ser constante
E sempre tentar ser sincero
E queremos fugir
Mas ficamos sempre sem saber
Seu olhar
Não conta mais histórias
Não brota o fruto e nem a flor
E nem o céu é belo e prateado
E o que eu era eu não sou mais
E não tenho nada pra lembrar
Triste coisa é querer bem
A quem não sabe perdoar

Acho que sempre lhe amarei
Só que não lhe quero mais
Não é desejo, nem é saudade
Sinceramente, nem é verdade
Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender
Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender
Renato Russo

Acho que toda ela fala de perdão, um caso de amor que pode dar mais certo pois não houve o perdão. Cheguei a conclusão que nem todas as vezes que uma historia de amor termina é porque o amor acabou, muitas vezes não é assim. Muitas vezes o amor continua, mas não é suficiente, falta compreensão, atenção e às vezes perdão, assim diz a música, acho que sempre lhe amarei, só que não lhe quero mais, quem nos garante que não foi pelo peso de saber que nunca conseguirá o perdão?

"É tão difícil perdoar alguém que nos machucou.
Mas é tão bom saber, que alguém nos perdoou".
trecho de uma Música que um dia mostro pra vocês

Finalmente depois de ter falado de tudo isso, para a ultima pessoa que me consultou, baixei os olhos e a vi, com uma fisionomia de quem não estava entendendo nada, me senti idiota outra vez, igual às outras milhões de vezes quando chego a conclusão de que poucas pessoas me compreendem (a outra imensa maioria me chama de doido). Então ela disse:
-Acho que vou perdoa-lo, mas o que eu digo mesmo para que ele me perdoe? Cheguei nesse momento a entendi que, de tudo que eu havia dito para ela, nada era pertinente, uma teoria ou conhecimento só tem valor quando usado praticamente, tudo poderia ser resolvido de uma maneira mais simples, então eu disse:
-Olhe pros olhos dele e diga apenas: perdoe-me amor.
Tempos depois encontrei-me ocasionalmente com a mesma pessoa, então ela me disse que tudo tinha ficado bem e isso lhe fazia muito feliz, dei um típico sorriso amarelo pra ela e respondi um legal.
Baseado nisso, aprendi, as respostas de amor são sempre as mais simples.



quinta-feira, 3 de março de 2011

MEDÍOCRE COMO EU


Não sou muito fã de futebol, assisto às vezes alguns jogos do São Paulo e da seleção brasileira, mas sem aquele fanatismo peculiar do homem brasileiro, lembro-me quando comecei a interessar-me por futebol, em uma manhã vi os gols de São Paulo e Barcelona no primeiro mundial conquistado pelo São Paulo, o lindo gol de cobrança de falta do Rai, de alguma forma, me fez olhar aquele esporte de maneira diferente, então comecei a torcer pelo tricolor.
Logo depois assisti a copa de 94, enfeiticei-me por aquele time, tudo foi muito mágico naquele ano, todo aquele sofrimento, O gol do Bebeto para seu filho, o gol do Branco contra a Holanda, e principalmente os gols do Romário, me deixavam cada vez mais ligados, lembro-me de cada jogo, gravei todos cuidadosamente em fitas de vídeo cassete e assisti incansavelmente por vários anos. Essa copa se romantizou na minha cabeça, me tornei então torcedor da Seleção Brasileira.
De uns tempos para cá, me parece que as coisas perderam um pouco a graça, não sei se dentro de mim, ou o futebol esta pior mesmo. Mas o que interessa mesmo, é que muito raramente eu assisto uma partida de futebol, só as vezes, pra não me desligar completamente.
Em uma dessas, poucas partidas, que ainda assisto, tive o desprazer de ver uma cena que me levou a acreditar que o problema não era eu, o futebol já não era mesmo definitivamente. Depois de levar um drible do Neymar o Juan, jogador na época do flamengo, deu-lhe uma pancada covarde, e como se ainda não fosse o bastante, foi até seu ouvido e esbravejou varias coisas, aquela cena me deixou tão chateado, decepcionado e desapontado com o esporte que simplesmente desliguei a televisão e fui ler.
Como fazia um tempão que eu não assistia futebol, até achei que tinham inventado uma regra proibindo a pratica do drible, pois por mais incrível que pareça, a maioria dos comentaristas, treinadores e “especialistas-sabe-tudo” davam razão a Juan alegando que o drible de Neymar visava humilha-lo.
No outro dia fui a internet pesquisar por alguma opinião que me parecesse mais sensata, na maioria dos fóruns, todos ficavam tentando decifrar quais palavras Juan teria dito nos ouvidos de Neymar. De várias bobagens que vi, uma postagem me chamou atenção, dizia um rapaz no final da pagina, já irritado com tantas adivinhações e teorias disse: “é simples o Juan disse: você tem a obrigação de ser medíocre como eu, seja medíocre como eu”. Pronto, foi isso mesmo que ele disse, independente de qualquer coisa que possa ter saído de sua boca, pra mim, foi isso que ele disse. Há tempos não via uma sacada tão inteligente como essa na internet, esse rapaz simplesmente pois fim ao monte de bobagens que escreviam. Depois disso ninguém postou mais nada, não quiseram dar continuidades às leituras labiais ou coisa parecida, pois por mais que conseguissem reproduzir fielmente as palavras daquele jogador, ninguém, poderia expressar de maneira mais fiel o que ele realmente tentara dizer.
Mas esse fenômeno de mediocridade não se revela apenas no futebol, essa obrigação, quase que decretada por lei, é uma realidade de todo o nosso pais. As pessoas que tentam um lugar melhor ao sol, ou buscam ler um pouco mais ou mesmo trabalhar mais, fazerem as coisas melhores, são simplesmente apedrejados nesse pais, ser competitivo, gerar concorrência é algo visto, na maioria das vezes, como afronta. Certa vez Tom Jobim disse que fazer sucesso no Brasil era ofensa pessoal, todo mundo jogou pedra e criticou, mas na verdade é isso mesmo, é inacreditável, inimaginável e inconcebível mais é verdade. É mais fácil derrubar quem esta escalando do que construir uma escada pra fazer o mesmo, partindo dessa mentalidade nosso país vai ficando pra atrás nos indicadores educacionais, já estamos atrás de quase todos os países da América latina em relação à qualidade de ensino, somos cada vez menos competitivos no mercado de trabalho externo, nosso qualidade educacional atual é comparada a países africanos em guerra civil. Estamos adotando a prática de impedir que outro cresça, pra não ficar pra trás, em vez de estudar pra crescer também. As grandes mentes brasileiras simplesmente estão indo embora pois se sentem perseguidas por aqui, são simplesmente pescadas pelas universidades americanas que descobriram que é mais vantajoso seguir a politica do quem da mais do que a politica do quem da menos adotada pelo Brasil.
Não tenho a petulância de me comparar ao Neymar jogando futebol, mas sei que na maioria das coisas que me proponho fazer eu faço bem, tenho opinião, procuro sempre melhorar, ler e estudar, mas estou de canelas roxas de levar pancada, de ter a vida dificultada, as portas fechadas, ser chamado de doido pelos que não conseguem compreender o que eu escrevo, ou mesmo ser chamado de hacker pelo simples fato de eu saber mais do que o Ctrl-C e Ctrl-V, ou abrir mais do que Word. Onde eu moro sou simplesmente uma ilha, tipo assim, rapaz, se você continuar lendo desse jeito ou escrevendo razoavelmente bem como faz, vamos continuar a castiga-lo, deixaremos de falar com você pra sempre.
Da trabalho sim se destacar, tentar descobrir algo novo, fazer qualquer coisa de maneira melhor, mais eficaz, da trabalho ser persistente, lutar por uma ideia, se dedicar a algo novo ou revolucionário, da trabalho tentar convencer aos outros de que existem maneiras mais eficazes de executar determinado trabalho feito a anos da mesma forma, da trabalho pensar, mas é preciso. Porém, infelizmente, no pais dos comerciais, no pais das maravilhas feito especialmente para esses brasileiros que não gostam de pensar, e que qualquer Alice se criaria muito bem, pois não deixa nada a desejar ao pais das maravilhas, a realidade é muito diferente, vivemos em um lugar sem futuro e perspectivas, alimentados por um nacionalismo puramente futebolístico, um pais onde a grande maioria da população é alimentada o suficiente para não morrer e continuar votando, mas nunca o bastante pra poder desenvolver o cérebro e tentar alçar voos mais altos ao ponto de se rebelar e por fim ao ciclo. E quando aparece alguém que tenta saber um pouquinho mais, vem então um Juan da vida e grita em seus ouvidos. Seja simplesmente medíocre como eu.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CLARISSE


Acho que nunca escrevi especificamente sobre depressão, acho meio complicado falar sobre o tema, porem acho que é necessário. Existem pessoas que estão usando essa patologia pra se promover, é moda do “verão” estar em depressão, sair dizendo pra todo mundo, é “cult”. Mas na verdade não é. Estar em depressão é simplesmente a coisa mais devastadora que um ser humano pode sentir, é simplesmente a incapacidade de reação do corpo em relação a qualquer coisa, é uma inercia quase que mortal, insuportável, insolúvel, desenfreada e desesperadora. Não acho que as pessoas deveriam usar esse tipo de coisa para querer ser “capa de revista”, acho meio que desrespeitoso para com todos aqueles que realmente sofrem.


Desconfiem sempre daqueles que se autodiagnosticam, pois a depressão se assemelha ao alcoolismo, ninguém aceita a princípio estar doente, recusam-se até o limite do suportável procurar ajuda médica, sentem medo de que o preconceito sofrido agrave mais sua tristeza, sempre acham que vai passar, mas os dias vão se seguindo e a vontade de voltar a viver simplesmente não vem, o corpo simplesmente se recusa a reagir, a vontade de dormir e de ficar quieto são as principais companhias, a falta de expectativa e esperança torna-se cada vez maior, a incapacidade de demonstrar sentimentos torna- se recorrente , sair da cama pra buscar um copo d’agua vira uma luta, e dar o primeiro passo da cama algo extremamente complicado, as pessoas que sempre diziam lhe compreender começam a afastar-se de você, começam a lhe culpar. Então viver acaba por ser um cotidiano doloroso.


...Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha.
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende...


Clarisse - Renato Russo


Não adianta o quanto dizem lhe entender, ninguém sabe o que você sente, no fundo acham que é mentira, querem lhe obrigar a fazer as coisas como se você fosse uma pessoa normal, mas você simplesmente sabe que já não é, acho que essa é a parte mais difícil, ser empurrado a fazer as coisas, ser chamado de preguiçoso e inútil são coisas que realmente lhe deixam em uma situação mais difícil, pois a própria depressão lhe causa uma sensação de inutilidade extrema, quando o próximo lhe confirma isso, você tem a certeza que realmente já não faz falta, que é dispensável.


...Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende...


Clarisse - Renato Russo


É insuportável ter que viver em função do gosto alheio, é preciso que seja respeitado o luto de quem sofre esse mal. Eu nunca mais serei como o dia que passou. Essa doença é um câncer em sua alma, a cada dia que passa está maior, já não falo mais nada pra ninguém, estou cheio de marcas igual à Clarisse, meus amigos estão se perdendo de mim e eu sei que a culpa e minha, eu queria tanto mais não consigo mantê-los de meu lado, sinto falta, mas simplesmente não sei dizer.


...Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes...


...Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço...


Clarisse - Renato Russo


Depois de todos esses anos eu já me sinto cansado, as noites mal dormidas, o descaso dos que simplesmente ignoram sua dor, não querem saber, lhe dizem mentiroso, a falta de expectativa, de horizontes, a revolta contra as injustiças, que parecem que só eu sinto tudo isso se torna cada vez mais pesado. Mas hoje em dia, o que mais me incomoda além das dores do coração são as debilidades físicas adquiridas, as dores que sinto no corpo são praticamente desumanas. Eu simplesmente não suporto mais sentir dor todos os dias e todas as horas, dificilmente comento sobre isso, pois não suporto a ideia de sentirem pena de mim, ou olharem com olhar de duvida e descaso como muitas vezes vi, mas é cada vez mais crônico, cada dia que passa mais um pedaço do meu corpo dói, e se tornam mais intensas, o sono já não descansa mais meu corpo, os dias todos estão se acumulando sobre as minhas costas, assim como Clarisse minha felicidade perdeu o endereço, e eu acho que isso é pra sempre, acho que tornou-se uma condição de existência.


Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha.
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer.
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem 14 anos...


Clarisse - Renato Russo


Demorei um tempão pra poder publicar esse texto, pois como já disse, não gosto da ideia de sentirem pena de mim, muito menos me procurarem pra uma palavra solidaria, acho que não estou preparado para isso. Se quiserem fazer algo por mim, pensem em mim como alguém legal, que quando da, às vezes aparece, ou simplesmente peçam por mim, comentem com os amigos, tenham boas lembranças e sintam-se felizes. Perdoem-me pelas arrogâncias e falta de atenção e tempo, digam coisas boas e façam coisas boas, isso bastara, e eu sentirei. Quanto aos que estão querendo se dizer depressivos pra estar na moda, acho que suas patologias são outras, procurem algo melhor pra fazer. Aos que querem fofocar sobre mim, não vou dar este gostinho, pois eu mesmo conto tudo, simplesmente perde a graça. Quanto a mim, continuo tentando “ser forte a todo e cada amanhecer”, preferindo, cada dia mais, ficar sozinho, mas acima de tudo tentando conseguir “existir” e voar pelo caminho mais bonito



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os nossos dias serão para sempre...


Hoje meu filho Gabriel faz 4 anos, infelizmente não estou por perto, passei o dia pensando no que estaríamos fazendo caso estivéssemos juntos, ou quantas perguntas ele já teria feito, não sei explicar a falta que ele me faz, acho que ninguém pode, é algo inexplicável e também é assunto de explicação desnecessária, o nosso amor é só nosso, não precisa ficar tentando dizer pra ninguém, e é exatamente o que ele sente por mim, ele simplesmente não fala pra ninguém que gosta de mim, e nem tem paciência com quem fica perguntando ele simplesmente gosta do jeito dele, assim é ele, como eu, as vezes é parecido como meu irmão, tem vezes que ate me confundo, tenho a impressão que estou brincando com ele 20 anos atrás, me sinto criança. Um dia desses chorei durante a noite, pois meu filho simplesmente reagiu da mesma forma que meu irmão reagiu a uma brincadeira que fazíamos a mais de duas décadas, era como se fosse um dejavu, mas com a diferença de eu lembrar exatamente de todos os detalhes, eu vivi exatamente a mesma situação 20 anos depois. Simplesmente não disse a ninguém, apenas curti tudo, senti cheiro de samambaia molhada da mamãe, cera vermelha que a ela passava no chão da nossa casa, o perfume das naftalinas no fundo das nossas gavetas e a leveza que eu tinha nos meus anos de meninice, Meu Deus, como me senti feliz, então entendi a divina explicação da vida.

Sempre disse que o nome Gabriel é por causa doGabriel Garcia Marquez, e de fato é, mas sempre brinquei dizendo que era por causa do anjo anunciador de Jesus, pois tinha preguiça de explicar milhares de vezes a mesma historias responder as mesmas perguntas, Gabriel Garcia o que? Quem é ele?Então tinha que explicar, é um escritor colombiano que escreveu 100 anos de solidão, 100 Anos de que? De solidão, é um clássico da literatura, blablabla, e depois de muita conversa a pessoa voltava a perguntar, mas porque Gabriel? Então descobri que quando eu dizia que era por causa do anjo Gabriel, economizava algo em torno de umas 1.500 palavras no mínimo, pois as coisas da bíblia a maioria das pessoas tem medo de questionar, todos entendiam de primeira.

Com o tempo percebi que minha historia inventada era mais real do que a historia verdadeira, o Gabriel era um anjo mesmo, era o anjo que Deus me deu pra morar nas minhas ausências e que depois veio viver comigo, essa foi a divina explicação que a vida me deu, ele me surpreende com tanta autoridade, que as vezes chego a pensar que ele tem total noção e controle de tudo que faz, de todas as brincadeiras e excentricidades, te todos os bichos exóticos que ele já me pediu, porcos espinhos, lhamas e camelos, eu tenho certeza que ele tem algo diferente, ele tem uma certeza no que diz incontestável, um olhar de confiança que só vi em uma pessoa, exatamente no tio que ele nunca chegou a conhecer, uma marca inconfundível pra mim, assim como se o mundo desses voltas e repetisse as mesmas coisas, como conta o livro 100 anos de solidão do Gabriel Garcia Marques. Meu filho tem os olhos de certeza do meu irmão a personalidade inabalável e uma inteligência quase sobre-humana. Longe de ser corujisse de pai, eu sou frio o bastante pra não cair nessa, é olhar clinico mesmo, quase que cientifico.

Agora esta chovendo, e das gotas de água no vidro da janela do meu quarto (parecidas com as da capa do Diário do Menininho) lembrei do meu filho, dos anjos, e da musica Esperando por mim.


Acho que você não percebeu

Que o meu sorriso era sincero

Sou tão cínico às vezes

O tempo todo

Estou tentando me defender

Digam o que disserem

O mal do século é a solidão

Cada um de nós imerso em sua própria arrogância

Esperando por um pouco de afeição

Hoje não estava nada bem

Mas a tempestade me distrai

Gosto dos pingos de chuva

Dos relâmpagos e dos trovões

Hoje à tarde foi um dia bom

Saí prá caminhar com meu pai

Conversamos sobre coisas da vida

E tivemos um momento de paz

É de noite que tudo faz sentido

No silêncio eu não ouço meus gritos

E o que disserem

Meu pai sempre esteve esperando por mim

E o que disserem

Minha mãe sempre esteve esperando por mim

E o que disserem

Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim

E o que disserem

Agora meu filho espera por mim

Estamos vivendo

E o que disserem os nossos dias serão para sempre.

Renato Russo


Então senti paz, compreendi por um instante a inexplicável poesia da vida, o mundo e suas voltas, suas ligações. Senti a presença de Deus e percebi que ele pode se manifestar das mais diferentes formas, as vezes pode estar apenas em um olhar, que só você percebeu. E sempre, independente de quanto tempo possa demorar, ele vai responder seus pedidos, basta que tenhamos sabedoria para perceber. Compreendi que a saudade e algo que não necessariamente precisa ser sofrida, muitas vezes podemos curti-la, aprecia-la. Gosto dos pingos de chuva dos relâmpagos e dos trovões, hoje eu não vou chorar, vou apenas contemplar a chuva, sei que o mal de "todos" os seculos é a solidão mas acabei de compreender que meu filho espera por mim, e aconteça o que acontecer eu sempre estarei com ele, e ele sempre estará comigo, pois os nossos dias serão para sempre.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Bom Senso

A cada dia que passa eu tenho mais certeza que eu não sou desse planeta, simplesmente eu não sou daqui, de um tempo pra Ca, as coisas passaram a me incomodar muito sabe? Estamos vivendo simplesmente em guerra o tempo todo, todos contra todos, as pessoas que você menos espera estão de prontidão pra lhe chutar pelas costas sempre que possível, o cara que ri pra você aqui, dois minutos depois esta colocando o pé pra você cair, palavras como favor, confiança, gratidão simplesmente perderam o sentido, acho que vou até mandar uma carta pro seu Aurélio tirar de vez do dicionário tudo isso, simplesmente não fazem mais sentido, jogaram no vaso sanitário e puxaram a descarga definitivamente. Os tempos de guerra infinda deixam-me muito cansado e triste, não queria viver assim, Porem tudo esta terminantemente decidido, salve-se quem puder.

Mas as palavras que eu tenho mais saudade são as seguintes: bom senso, se a humanidade tivesse mantido ela, as coisas não estariam assim. O bom senso é o que diferencia o homem das maquinas, saber julgar, ponderar, ser humano é ter bom senso. Essa é com certeza a maior das leis, todas as outras doutrinas tendem a vir depois, caso o contrário, não precisaríamos mais de pessoas para julgar os casos, simplesmente alimentaríamos um software com todas as informações e teríamos a sentença impressa em poucos segundos, minutos depois estaríamos fazendo cumprir a pena, sem choro nem vela. Mas a vida não pode ser assim, todos somos seres diferentes, com características diferentes, com vontades, histórias diferentes, o que há de acontecer amanhã não esta em nenhum livro e muito menos em um manual, somos seres em eterna construção, em eterno nascimento, somos então, como diria Nietzsche o milagre da única vez.

Esses dias alguém tentara me explicar porque tomou determinada atitude que me prejudicou bastante, dizia ela ter sido apenas justa, pois cumpriu rigorosamente a lei, e o tribunal de sua consciência estava limpo, mas não estava, seu olhar de choro guardado a denunciava, isso não é certo. Na passagem bíblica eclesiastes 7.16 o rei Salomão diz o seguinte: -...Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo... Sabe o que ele quis dizer com essas palavras? Simplesmente tenha bom senso, depois de ter aplicado a dose de bom senso, toda lei será justa, não doera e muito menos será sentida como eu senti. A única coisa que eu pude dizer a essa determinada pessoa é que sua justiça estava lhe matando.

Bom Senso

Já virei calçada maltratada
E na virada quase nada
Me restou a curtição
Já rodei o mundo quase mudo
No entanto num segundo
Este livro veio à mão
Já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já pedi ajuda
Já dormi na rua
Mas lendo atingi o bom senso
A imunização racional

Tim Maia.

Verdadeiramente ando bem cansado, gostaria de achar o livro do Tim Maia e atingi o bom senso, e dar de presente aos outros uma dose de bom senso, mais lembrei de uma frase de Eurípedes que tinha lido a anos que diz o seguinte: "Tente colocar bom senso na cabeça de um tolo e ele dirá que é tolice." (Eurípedes) sei que preciso começar tudo de novo, mas é difícil, é difícil dizer que ter gratidão por exemplo, perpassa pelo bom senso ou que nem a experiência muito menos a sabedoria(que muitas vezes é apenas presumida) não substituem. Lembrei-me então de Adriana Calcanhoto.

Senhas

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu agüento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos

Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu agüento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu agüento até os caretas
E suas verdades perfeitas

O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu agüento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades

O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Não, não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem

Eu gosto dos que têm fome
E morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem

Como nas senhas de Adriana, me sinto nesse caos. Sim, é preciso recomeçar incondicionalmente, preciso procurar novas pessoas para criar novas expectativas, pois precisamos delas para viver, e as velhas pessoas que me rodeiam agora, não me permitem mais expectativas, não espero mais afagos,mesmo que eu as tenha dado pistas, evidencias e provas de que gostaria de confiar, ter como amigos, descansar ao seu redor. Gostaria de ver um pouco mais de gratidão nas pessoas, ou pelo menos acreditar que ainda há, gostaria de ter chance de me defender sempre que atacado, mesmo das coisas velhas, isso me faria bem. O filme por aqui por essas bandas anda meio sem final, o mal anda vencendo, a arrogância se perpetuando e as injustiças se multiplicando. Estava precisando dizer que tudo passa, estava precisando dizer que ainda é possível mudar, Estava precisando mesmo é de alguém legal pra conversar, de Bom Senso, só isso.

sábado, 10 de julho de 2010

Los dezessiete


Lembro-me a quando tive acesso algumas noções de espanhol através de um casal de missionários peruanos de uma igreja presbiteriana que eu freqüentava, tenho que admitir que sempre tive admiração pelas línguas latinas, mais a partir desse período me tornei um apaixonado por musicas castelhanas e italianas, aprendi uma porção delas, ouvi incansavelmente equilíbrio distante do Renato e alguns hinos cristãos centenários em castelhanos gravados em uma fica cassete velha que ganhara de um amigo.
Mas meu amor por musicas castelhanas vinha de um tempo bem anterior, quando certa vez ouvi na casa da minha professora de piano, simplesmente, a mais bela, singela, delicada, perfeita e suave voz de toda a minha vida, acompanhada de um dedilhado de violão quase que divino. Por quase 5 minutos fiquei inerte, apenas ouvindo aquela linda canção. A música chama-se Volver a los 17 cantada por Mercedes Sosa. Mercedes foi uma das mais lindas vozes que o mundo já ouviu, de uma afinação e firmeza vocal impar e uma capacidade de interpretação quase que divina. Mercedes era argentina, se foi há pouco tempo, mas sua voz continua por ai, humilhando muitos que dizem cantar.
Como se não fosse de esperar, quase ninguém a conhece no Brasil (“aqui nos gosta de rebolation”), sinceramente tenho pena de quem nunca ouviu Volver a los 17 ou qualquer outra música de Mercedes. Inclusive acho, que obras semelhantes deveriam ser obrigatório nas escolas, como forma de combater essa contra-cultura que anda nos bombardeando, mas isso é outra coisa, o que eu quero falar e sobre Volver a los 17 que na verdade, somente ficou imortalizada na voz de Mercedes Sosa, mas que é de autoria de Violeta Parra (fui descobrir isso bem depois), a canção é bem a minha cara, é saudosista, narra sutilmente a historia de alguém que volta a seus 17 anos depois de ter vivido por quase 100 anos, algo como a perfeita vivencia da vida, a junção da beleza da juventude com a experiência dos anos, algo almejado por 10 entre 10 pessoas com muitos anos de vida. Não me acho ainda vivido suficiente para ter a experiência dos 100 anos, mais gostaria muito de voltar a meus 17 anos com as coisas que sei hoje, às vezes me pego fazendo isso, transcendendo minha alma aos 17 anos e às vezes aos 15. É a possibilidade que ninguém pode nos tirar ou interferir, a transcendência é o ponto de sustentação da sanidade daqueles que sofrem, é o poder de se vingar silenciosamente de quem não gostamos ou quem nos faz mal, é a possibilidade de irmos onde bem entendemos e estarmos com quem quisermos, mesmo estando na mais fria e escura prisão do mundo. Sei que como de costume, vou receber críticas sobre esse texto, mas duvido, que haja alguém nesse mundo, que não transcende sua alma para lugares mais belos, mais calmos e serenos. Gosto da calma e do silêncio, nele a minha viagem de volta aos meus bons dias são mais profundos e reais.

Volver a Los 17
(Violeta Parra)
Volver a los diecisiete después de vivir un siglo
es como descifrar signos sin ser sabio competente,
volver a ser de repente tan frágil como un segundo
volver a sentir profundo como un niño frente a Dios
eso es lo que siento yo en este instante fecundo.

Se va amarrando, amarrando
como en el muro la hiedra
y va brotando, brotando
como el musguito en la piedra
como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

Mi paso retrocedido cuando el de usted es avance
el arca de las alianzas ha penetrado en mi nido
con todo su colorido se ha paseado por mis venas
y hasta la dura cadena con que nos ata el destino
es como un diamante fino que alumbra mi alma serena.

Se va amarrando, amarrando
como en el muro la hiedra
y va brotando, brotando
como el musguito en la piedra
como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber
ni el más claro proceder, ni el más ancho pensamiento
todo lo cambia al momento cual mago condescendiente
nos aleja dulcemente de rencores y violencias
solo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes.

Se va amarrando, amarrando
como en el muro la hiedra
y va brotando, brotando
como el musguito en la piedra
como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

El amor es torbellino de pureza original
hasta el feroz animal susurra su dulce trino
detiene a los peregrinos, libera a los prisioneros,
el amor con sus esmeros al viejo lo vuelve niño
y al malo sólo el cariño lo vuelve puro y sincero.

Se va amarrando, amarrando
como en el muro la hiedra
y va brotando, brotando
como el musguito en la piedra
como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

De par en par la ventana se abrió como por encanto
entró el amor con su manto como una tibia mañana
al son de su bella diana hizo brotar el jazmín
colando cual serafín al cielo le puso aretes
mis años en diecisiete los convirtió el querubín.

Voltar aos 17
Voltar aos dezessete depois de viver um século
é como decifrar signos sem ser sábio competente
voltar a ser de repente tão frágil como um segundo
voltar a sentir profundo como uma criança frente a
Deus
isso é o que eu sinto neste instante fértil.

Vai se amarrando, amarrando
como no muro a hera
e vai brotando, brotando
como o musguinho na pedra
como o musguinho na pedra, ai sim..., sim..., sim...

Meu passo recuado quando o de vocês avança
o arco das alianças penetrou em meu ninho
com todo seu colorido passeou por minhas veias
e até a dura corrente com a qual nos ata o destino
é como um diamante fino que ilumina minha alma serena


Vai se amarrando, amarrando
como no muro a hera
e vai brotando, brotando
como o musguinho na pedra
como o musguinho na pedra, ai sim..., sim..., sim...

O que pode o sentimento não o pôde o saber
nem o mais claro comportamento, nem o mais amplo
pensamento
tudo muda o momento qual mago condescendente
nos afasta docemente de rancores e violências
Só o amor com seu saber nos torna tão inocentes

Vai se amarrando, amarrando
como no muro a hera
e vai brotando, brotando
como o musguinho na pedra
como o musguinho na pedra, ai sim..., sim..., sim...

O amor é redemoinho de pureza original
Até o feroz animal sussurra seu doce canto
detém os peregrinos, libera os prisioneiros
o amor com seus caprichos o velho torna criança
e ao mau só o carinho o torna puro e sincero

Vai se amarrando, amarrando
como no muro a hera
e vai brotando, brotando
como o musguinho na pedra
como o musguinho na pedra, ai sim..., sim..., sim...

Completamente a janela se abriu como por encanto
entrou o amor com seu manto como uma morna manhã
ao som de seu belo toque fez brotar o jasmim
entrando qual serafim no céu colocou brincos
Meus anos em dezessete os converteu o querubim

Gostaria eu voltar a sentir profundo como uma criança frente Deus, ando me sentindo meio cinza por esses dias, sem cor, o resgate a inocência talvez seja a chave, mas como deixar de saber o que já se sabe? Seria a felicidade a arte de não saber o que nos deixa triste? Não saber dos rancores, das violências e das mentiras? Mas o amor liberta os prisioneiros, faz do velho criança. E faz o que é mal tornar-se puro e sincero, então, logo, é amor e a verdade, movido pela saudade, nos faz voltar aos 17 e nos apaixonarmos de novo pela vida, encontrarmos em um sonho bom nossos amorzinhos perdidos, nossos desejos esquecidos, nossos dias felizes. Logo presumo que nossa felicidade esta condicionada a uma boa saudade para que possamos voltar, assim como diz Rubem Alves:

“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.”
Ou Pablo Neruda:

...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...

Mas o mais gostoso de voltar está no reencontro, presumo ser a palavra mais linda do mundo, é simplesmente tudo que queremos. Do encontro não sabemos nada, nada certo esperamos, mas do reencontro esperamos tudo, que todos nossas noites e noites de sonhos se realizem, que a luz seja exatamente leve, que o vento seja frio, que o perfume seja o mesmo que o silencio seja a trilha sonora mais intensa, que o abraço seja eterno que o toque da mão seja a cura da saudade que um olhar nos deixou.
Sempre sonhamos em nos reencontrar, cada um de nos tem algo pra reencontrar em algum lugar e pensa há anos no momento. No reencontro estão todas as nossas expectativas, tudo que esperamos na vida, muitas vezes o reencontro é com agente mesmo, muitos se perdem e nunca conseguem se encontrar, mas na maioria das vezes, esperamos reencontrar alguém que vai alegrar nossa alma, fazer de nosso espírito festa. Noutras vezes esperamos uma vida para reencontrar alguém que se perdeu dentro de si e essa pessoa nunca mais reaparece, deixa apenas um imenso vazio e silencio como resposta.
Mas onde mora o reencontro? Mora na essência do amor e da verdade, e faz com que voltemos a los 17 e sejamos felizes. Eu quero voltar ao interior de mim e ser mais forte, às vezes o que está pela frente não é para nós, muitas vezes apenas nos destrói, nos poda, nos castra. Lembro-me de um provérbio chinês que diz o seguinte:
"Com mentiras poderá ir em frente neste mundo, porém nunca poderá voltar atrás."
Nem sempre ir é o melhor, como muitos pensam, para ir, nem sempre é necessário ser honesto mas para voltar sim, por isso julgo voltar mais importante que ir. Por lá eu só encontro gente legal que me faz bem, que me fez feliz.

domingo, 4 de julho de 2010

Algo a mais (ou "Só de Sacanagem")


Essa semana, mais uma vez, eu senti vergonha de ser brasileiro. Acho que nós chegamos a um ponto irreversível, não dá mais para morar nesse país (só moro aqui por falta de opção). O grau de corrupção a falta de educação e brutalidade chegou a um patamar inconcebível. Vi no jornal alguns casos de violência nas escolas, professoras sendo queimadas, auxiliares sendo pisoteadas e porteiros sendo agredidos covardemente. Penso que esses alunos, que na verdade não deviam ser chamados de alunos e sim de bestas selvagens, deveriam nunca mais pisarem na portaria de uma escola pública, pois no caso deles, a educação já não resolve mais. Sim, é verdade, sou educador, mas não tenho a falsa ideia de que a educação resolve tudo, existe algo a mais, que está além dos anos de estudo que alguém possa ter. As pessoas mais honestas que eu conheci na minha vida, eram pessoas de baixa escolaridade. Os animais que agrediram uma doméstica essa semana, eram todos de classe média e bom grau de escolaridade. Boa índole e caráter independe de posição social e anos de cadeira de escola, existe algo mais.

Quase todos os dias via seu João vender picolés na parada de ônibus em que eu esperava para ir a universidade, mas existia uma coisa que chamava muito a minha atenção, era a honestidade daquele senhor, por vezes o vi correndo atrás de pessoas para entregar trocos esquecidos ou canetas caídas no chão, eu mesmo fiz dois ou mais testes com ele, comprava meu picolé de cupuaçu segundos antes da chegada do ônibus e saia correndo logo após sem lhe dar tempo de me dar o troco, mas não adiantava, no outro dia, religiosamente, seu João vinha me dar o troco de ontem, seu João sabia apenas ler o suficiente para apreciar seu novo testamento, livro inseparável do seu dia-a-dia.

Disse-me ele uma vez nunca ter sentado em uma cadeira de escola, lhe ensinara a ler uma vizinha de bom coração como ele mesmo dizia. Posso lhes afirmar que, em 5 anos universidade não vi, nem de perto, nada que pudesse colocar a prova a honestidade daquele homem, sua alegria era simplesmente contagiante, sempre lhe vi sorrindo e tratando todas as pessoas maravilhosamente bem, sua esperança de que as coisas iam melhorar era impressionante, sempre acreditou assim.

Existem valores que estão acima de o quanto as pessoas educaram-se institucionalmente, esses valores distanciam-se mais ainda com o processo que estamos vivendo atualmente em que os alunos estão simplesmente perdendo sua identidade, seu nome, sendo reduzido a um número no diário de classe, bons eram os tempos que a educação era artesanal, chamada nome por nome, olho no olho, leitura na mesa da professora, conversa, individual ao pé do ouvido, abraço de bom final de semana. Hoje os professores são inimigos de seus alunos, fazem provas cheias de pegadinhas para ferrar mesmo, se satisfaz com as notas baixas, vê o seu dever em reprovar, castigar, aniquilar. Assim vão se criando esses animais que espancam porteiros, idosos, queimam índios batem na mãe. Esses dias mesmo, vi no jornal que um rapaz matou a mãe com um chute no estomago, sinceramente, alguém acha que vai resolver se mandar esse animal para escola agora? Não da mais, é um ser irrecuperável, talvez fosse melhor jogá-lo com outros animais no zoológico para que ele embruteça de vez. Valores como honestidade, hoje em dia, virou sinônimo de otário, quem devolve um troco a mais ou dinheiro achado é motivo de chacota, é regra levar vantagem em tudo que puder, às vezes não é nem por precisão, mas pelo simples prazer de levar vantagem, é isso o que muitos chamam de jeitinho brasileiro, parece que um negócio cultural mesmo, aqui todo mundo acha bonito, mas lá fora é horrível, todo mundo tem medo de brasileiro, tem fama de ladrão, bagunceiro e vadio. Não adianta reclamar, essa é a imagem que a maioria faz questão de vender, mas o pior mesmo é que esses valores estão sendo passados “oficialmente” nas escolas, vi uma vez uma professora chamar o gari que devolveu 5 mil dólares no aeroporto de São Paulo de otário, dizia ela não devolver nunca, principalmente porque seu salário era de merda, agora eu lhes pergunto, que valor essa professora pode passar para seus alunos? O valor do jeitinho brasileiro? O jeitinho de ficar com o a borracha da coleguinha ou o lápis do amiguinho? Mais pra frente o jeitinho de roubar na balança? Ou quem sabe um jeitinho de ficar com 10% da obra construída? Ou mesmo 20% do dinheiro da merenda das crianças? Assim vamos formando nossos futuros corruptos, tudo oficiosamente, tudo na escola. Dizem ainda que o salário de professor é baixo, mas para esse tipo eu acho que ainda ta muito alto, deviam diminuir mais um pouco.

Só de sacanagem vou publicar o poema de Elisa Lucinda chamado “Só de sacanagem”

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança
vai esperar no cais?
É certo que
tempos
difíceis existem para aperfeiçoar o
aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus
brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao
conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e
dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva
o lápis do coleguinha”,
” Esse apontador não é seu, minha filhinha”.
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido
que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca
tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica
ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao
culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do
meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo
o mundo rouba” e eu vou dizer: Não importa, será esse
o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu
irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a
quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde
o primeiro homem que veio de Portugal”.
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente
quiser, vai dá para mudar o final!

(Elisa Lucinda – Só de sacanagem)

Enquanto ao seu João que vendia picolé, voltei eu 8 meses depois de formado ao mesmo lugar, seu João já não estava mais lá, a senhora ao lado me falou que ele tinha ido embora há dois meses, quando em uma ação policial de “limpeza das calçadas” de vendedores ambulantes, a policia - super delicadamente, diga-se de passagem - quebraram-lhe uma perna e um braço e destruíram seu carrinho. Mas muita gente continua lá na calçada, sabe por quê? Porque pagam sua mensalidade aos policiais, são protegidos. Eu sabia que seu João nunca ia me decepcionar, ele não entrou no esquema, pois seu João tem uma coisa diferente dentro dele, coisa que as escolas não ensinam e que faltam de monte aos policiais que lhe bateram que se chama honestidade, quase em extinção nesse país, mais ainda existe. Seu João eu tenho orgulho de ter lhe conhecido, aonde quer que o senhor esteja.



terça-feira, 18 de maio de 2010

O diário do Menininho


Em uma galáxia distante, milhares de anos luz daqui, existia um menininho muito feliz, mas o tempo começou a lhe ensinar a ser triste, então ele passou o resto de seus dias pensando em voltar aos dias antigos, mas isso não é possível, então o menininho vivia como dava, mesmo chateado com muitas coisas, a pobreza, a fome das pessoas, a maldade, tudo isso o maltratava muito, parece que ninguém mais sentia a seu redor, mas pra ele , parece que tudo doía mais, as vezes as coisas já não valiam mais a pena, mas era preciso continuar, seus gostos e excentricidades e sua “chatice“ afastaram quase todo mundo, então ele se sentiu sozinho, a compreensão dos outros era cada dia mais distante, ele odiava os bajuladores, não aceitava falsos elogios, pois seu ego não precisava disso, sabia exatamente o que era e onde poderia chegar, sua compreensão do mundo talvez tenha se tornado tão grande que grande parte das pessoas, do seu mundo, perderam a relevância, ele via por dentro das capas as reais intenções, sentia o coração sombrio das pessoas, via através dos olhos. Poucas pessoas realmente lhe decepcionaram, pois de poucas pessoas ele esperou alguma coisa, de poucas pessoas ele não conseguiu ver a realidade. Mas essas poucas pessoas quase o mataram, ou quem sabe o mataram, pois delas, ele esperou tudo que não esperara das outras.
O menininho aprendeu a amar e desamar com a mesma pessoa, a acreditar e desacreditar, a ser feliz e triste, o menininho se arrependeu dos seus caminhos, dos amigos que não fez, dos sentimentos que não cultivou, das próprias mentiras que contou, o menininho escreveu dezenas de canções e as cantou um milhão de vezes, mas poucos entenderam o que ele queria dizer, falou de um milhão de amores mas ninguém os achou, ou quem sabe tenha falado um milhão de vezes do mesmo amor que nunca existiu. O menininho é tão vazio, que de noite, chega a doer, uma saudade de alguém que nunca esteve, que ele não conhece, então disseram que ele estava doente, que deveria tomar remédio antivazio, ou antisaudade ou antitristeza, como se existisse remédio pra tal.
Um dia desses o menininho ouviu Janaina do Biquine Cavadão e se achou igual à Janaina, pensou então que falavam dele.

Janaina acorda todo dia às quatro e meia
E já na hora de ir pra cama, janaina pensa
Que o dia não passou
Que nada aconteceu
Janaina é passageira
Passa as horas do seu dia em trens lotados
Filas de supermercados, bancos e repartições
Que repartem sua vida

Mas ela diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Ela diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Se Deus quiser.....

Janaina é beleza de gestos, abraços,
Mãos, dedos, anéis e labios
Dentes e sorriso solto
Que escapam do seu rosto

Janaina é só lembrança de amores guardados
Hoje é apenas mais uma pessoa
Que tem medo do futuro- que aconteceu ? -
Se alimenta do passado

Mas ela diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Mas ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Se Deus quiser.....
Já não imagina
Quantos anos tem
Já na iminência
De outro aniversário
Janaina acorda todo dia às quatro e meia
Já na hora de ir pra cama, janaina pensa
Que o dia não passou
Que nada aconteceu.


Assim como janaina ele tambem tem sonhos, ninguem os sabe, mas ele tem, ele não é de sonhar tanto, mas de vez enquando ele se pega fazendo planos. Não curte mais seus aniversários como antigamente. Sua distância do cotidiano “normal”, do caminho das pedras da sociedade, resultaram em muitas histórias, dizem que ele é mistérioso, que não acredita mais em Deus, mas 90% é lenda, e de lenda em lenda ele vai vivendo, O deus que ele não acredita mais é aquele que falsos profetas lhe venderam anos trás, o menininho não acredita mais que Deus seja propriedade de alguma religião ou que esteja apenas na gaiola de alguns, o menininho vè um Deus maior, que mora em algum lugar na imensidão, mas a imensidão é tão grande que as vezes o perdemos e de vez enquando o encontramos, é assim.
Um dia desses ele resolveu escrever um pequeno diario, esse diario se tornou grande demais, ele ja não conseguia carregar sozinho, descobriu então que seu “caderninho” amenizava a falta que lhe doia, então escreveu um milhão de letrinhas e sentiu-se um milhão de vezes melhor, despertou dez mil olhos e acordou mil anjos ao seu redor, com isso espera viver 10 vezes mais que antes e 100 vezes maior que outrora.
Que ninguem duvide do menininho, ele vai recuperar suas amizades perdidas, seus amores esquecidos, seu passado feliz, o menininho vai subir as estrelas e acender a lua do seu amor, o menininho vai levantar mais forte do que nunca, pois o menininho apesar de menininho é muito grande, ja não cabe dentro de si com facilidade, seus desagravos serão grãos de areia em relação sua grandesa.
La vai ele, escrever as metaforas do seu dia em seu caderninho que vai ser livro, la vai ele, escrever suas poesias de tristezas e aborrecimentos, la vai o menininho, deixem-o em paz, fale baixo não o encomode, ele é assim mesmo, la vai o menininho, mas pode esperar, ele volta, sempre ele volta.

domingo, 9 de maio de 2010

A EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PT


A não ser que você seja um companheiro do PT, você tem de estar preocupado agora, você que batalhou seus 4 ou 5 anos em uma universidade, ou até mesmo, especialização mestrado, La vai mais uns 3 anos no mínimo, você que passou noites e noites pensando no TCC, trabalhos em cima de trabalhos, ônibus lotado etc. Eu tenho uma triste noticia, se você não é do PT esta correndo sério risco de ficar desempregado, a educação brasileira em tempos de PT é totalmente dispensável, os melhores empregos públicos, mais algum privados ( por influencia) ficam nas mãos de algum semi-letrado “companheiro” do partido. O corporativismo do PT esta simplesmente desincentivando qualquer pessoa de estudar, não adianta quantas doutorados você tem, ou mesmo se você é pesquisador da NASA, se você não for do PT é carta fora do baralho.
Sei que é difícil para muitos observar por detrás da cortina de propaganda dos “companheiros”. Mas se observarmos bem, perceberemos a maquina pública totalmente infestada de semi-letrados, que com um discursozinho repetitivo se dizem os sabedores de tudo, os únicos capazes de lutar contra a classe burguesa. Eles só esquecem que a classe burguesa agora é representada por eles, estão esquecendo de virar o disco, ou não tem massa cinzenta pra criar outro discurso? Fico com a segunda opção, é falta de imaginação mesmo.
Sempre fiquei observando esses rebeldes sem causa, mesmo aqueles que se propuseram a fazer uma universidade, eles simplesmente não conseguem aprender, pois logo descobrem que para se dar bem só precisam se dar o trabalho de decorar meia dúzia de palavras pseudo-socialistas, e vestir uma camisa do “Che” (assim como eles dizem) sem pelo menos aprender o mínimo que seja da vida dele. Não é preciso fazer nada, os professores da universidade, na maioria das vezes “são bonzinhos” com essas pessoas. Parece até mesmo fazer parte de uma classe diferenciada, não precisam estudar e podem fazer o que quiser.
Não sei não, mais me parece que se tornou meio místico ser semi-letrado, ta na moda, e Cult. Se cair na besteira de estudar, o companheiro perde a graça, o diferente é não saber, o desafio e estar no maior cargo possível sabendo o mínimo. Parece no mínimo estranho mais é a nova ordem educacional brasileira, quanto menos melhor. Não me estranha se qualquer dia desses criarem cotas para professores analfabetos, não é que ainda não temos, pois temos muitos, mais vão querer assegurar a vaga. Estão querendo igualar as pessoas no final, quando o certo seria dar igualdade de condições no inicio. Toda e qualquer cota é um ato discriminatório, mas isso é outra história que um dia desses eu falo, o meu medo imediato mesmo são as cotas obrigatórias de professores analfabetos, pois como as coisas estão se encaminhando, estamos a um passo disso. Os cargos de confiança (que não precisam de concurso público) a cota de companheiros semi-letrados passa dos 90%, tem companheiro que eu conheço que não sabe nem o que o seu cargo quer dizer, outros não conseguem ler suas atribuições, e outros, piores do que todos esses juntos querem dar aula de “companheirismo” (no sentido corporativista da palavra) pros outros, acham que sabem tudo, o último biscoito do pacote, ganham os maiores salários, passam com o saquinho do caixa 2 pra todo mundo contribuir, querem convencer todo mundo que todas essas práticas são lícitas se tratando de sua classe, pois estão lutando contra a classe “burguesa”, vivem de saquear os cofres públicos e de enganar gente boba. O problema é que nosso pais esta cheio de gente boba, ou seja, campo muito fértil pra gente desse tipo prosperar. Gosto de chamar esse tipo de gente de professor de grego, não conhecem uma palavra do idioma, mais mesmo assim dão aulas para os que nunca ouviram falar de Grécia.
Ai está o problema deles comigo, eu sei que eles não sabem grego, e ver eles dia após dia enganar as pessoas me embrulha o estomago, não consigo tolerar, achar bonito e muito menos bater palma, e isso faz com que eu seja discriminado e colocado cuidadosamente embaixo do tapete.
Estava até pensando em entrar no mestrado esse ano, mais sinceramente tenho medo, lembro-me do último curso de informática que fiz em São Paulo, fui acusado de hacker e quase fui preso (literalmente), além de ter sido demitido. Hoje fico vendo gente que tem exatamente 0,00000001% da minha capacidade técnica, dando o maior prejuízo, mais sendo tratado como mestre. Às vezes eu acho que o conhecimento assusta alguns, se acham inseguros perto daqueles que sabem, preferem estar cercado de gente com cérebro de ameba. Essa é a única explicação razoável que minha mente consegue formular.
Gabriel Garcia Marques, escreveu “O Amor nos tempos do cólera” o meu desafio é escrever A educação nos tempos de PT. Sinceramente espero que as coisas mudem sabe? Um dia espero que as pessoas possam estudar sem o medo de achar que estão perdendo tempo, que os melhores postos de trabalho sejam dos melhores de fato, que as coisas boas sejam finalmente apreciadas nesse pais, que os professores de grego sejam desmascarados, que eu possa ir mais vezes a São Paulo estudar um pouco sem risco de ser preso, que as pessoas possam ler meu livro sem medo de serem pegas e taxadas, que eu seja menos alvo e a educação, finalmente, seja prioridade nesse pais.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Diário do Menininho - O livro

Por: Paulo Roberto Braga

Tenho que confessar pra vocês que estou me sentindo em pedacinhos, cheio de ausências e feridas, dores e tristezas, e sem ninguém pra dizer. Tem horas que quase me convenço que as ausências estão sendo maiores, mais ai eu descubro que meu dia perfeito é feito de pequenas coisas que me fazem forte por um segundo, e que sem pressa, eu posso me distrair com os pequenos pingos de chuva, e que por mais que tentem, nunca, aqueles que me detestam, vão conseguir me embrutecer e me tornar insensível às coisas ao meu redor, porque eu, acima de tudo, acredito nos meus ideais e nos meus princípios, pois podem até maltratar m

eu coração, mas meu espírito ninguém vai conseguir quebrar.


R$ 39,99


Autor: Paulo Roberto Braga
Tema: Diversos, Literatura Nacional, Filosofia
Palavras-chave: crônicas
Número de páginas: 155
Peso: 195 gramas
Edição: 1 ( 2009 )
Acabamento da capa: Papel supremo 250g/m², 4x0, laminação fosca.
Acabamento do miolo: Papel offset 75g/m², 1x1, cadernos fresados e colados (para livros com mais de 70 páginas) ou grampeados (para livros com menos de 70 páginas), A5 Preto e Branco.
Formato: Médio (140x210mm), brochura com orelhas.



segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Um enfeite de Natal


Faz um tempão que eu não falo de amor, até eu mesmo estava sentindo saudade, é que as vezes não da sabe, esse negócio de gente que enfia agulha em criança, mata na mais fria covardia ta me deixando doente, as vezes eu acho que as pessoas estão ficando imunes a essas noticias, nada mais as abala, mas comigo ta sendo diferente, isso me deixa em pedaços, alimenta minha depressão, acaba com minha fé de que as coisas mudem, melhorem, me deixa mal pra caramba. Ta todo mundo ao ponto de se agredir, sempre, das poucas vezes que saio de casa, ainda me aparecem uns espíritos de porco pra me provocar (nem sei se porco tem espírito), essa semana fui surpreendido por um elemento me perguntando se eu não ia escrever nada falando mal do natal no meu blog nesse final de ano, isto acompanhado de um sorriso abusante, juro que me deu vontade de perguntar desde quando ela sabia ler, mas ainda tenho um resquício de sanidade que me ajuda a relevar essas coisas idiotas do dia-a-dia.

Ta vendo como ta cada vez mais difícil falar de amor nesses tempos de cólera? Assim já dizia Gabriel Garcia Marques, mas no meio desse monte de coisa que nos entristece acontece alguma coisa que como se fosse mágica nos ajuda a refletir, sentir paz e intender, pelo menos um pouco, e por um instante o sentido das coisas, na véspera de natal as 8:00 da noite um menininho de não mais de 10 anos, pés descalços, sem camisa e short rasgado veio até mim e pediu algum dinheiro para que ele pudesse comprar um enfeite de natal pra por em sua casa e alegrar sua mãe, tenho que admitir que esse garoto simplesmente me desmontou, desde a minha meninice o natal tinha perdido uns 96% do seu sentido pra mim, mas esse menino como que com um filme na minha frente fez eu sentir todas as coisas boas que eu sentia, me fez sentir um frio típico das minhas noites felizes quando pequenino, me fez sentir um cheiro de presente novo aberto com toda alegria na manha de natal, meu Deus que sensação gostosa, eu já não lembrava mais. Dei todo o dinheiro que tinha no bolso, era pouco, mas ele foi tão feliz, tão completo, assim como ele tinha me completado naquele momento.

A partir daquele momento, meu natal foi diferente e será pra sempre diferente, aprendi que devemos cultivar dentro de nós todas as lembranças que valem a pena, lembra-las sempre que alguma dor doer, lembrar do seu primeiro amor, do seu primeiro beijo, das pessoas legais, dos dias inesquecíveis, é preciso cultivar o que é precioso em seu coração, não deixe que ninguém diga pra você que é proibido, que é feio, pois ninguém, mais ninguém mesmo pode saber o quão são importantes suas lembranças, isso só você sente, só você sabe, só você vê. E tão gostoso saber que não é pecado pensar em alguem e saber que essa pessoa pensa em você. É necessário pensar em coisas boas pra poder fugir dessa dor, dessa falta de esperança, é preciso lembrar das pessoas legais

"Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades
para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E
esperança suficiente para fazê-la feliz."

Clarice Lispector

Eu preciso que pensem em mim, assim como eu vou pensar em quem merecer, não há regras a se seguir, pois quem dizia as regras na verdade nunca as seguiu, não é justo cobrar nada, quem diz que pensa em você na verdade não pensa, quem lhe impõe regras sempre lembra de lhe esquecer todos os dias e lembra também de deixar tudo escrito para que você sofra, se sinta pequeno, e que saiba que sua presença e suportada com a lembrança de outra pessoa (isso nunca se pode apagar) e que não haja mais tempo de procurar alguem de quem se lembrar, pois você esqueceu de todos achando que era pecado. Vou sonhar com quem eu quiser e sempre quando eu quiser, acho que esse é o segredo de tudo, é assim que podemos ser felizes, não com coisas grandes mas as vezes com uma lembrança boa, alguem especial ou um simples enfeite de natal.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sobre música, bêbados, meu ipod e Liah

Pra variar estou ouvindo angra dos reis (legião Urbana), juro que eu queria ouvir outra coisa, mas simplesmente não dá, quase nada de novo presta, mas espere um pouco, há uns dias achei uma menina que canta muito bem, e suas musicas são razoáveis, é pra minha surpresa total, ela é paraense, meu grande pequeno estado esquecido. Logo eu, que pensava que nada mais, nesse estado, prestava, que tudo se resumia a aparelhagens, analfabetos que se alto denominam dj’s e tecnobrega, vem essa menina me contrariar. Quem me dera se toda semana fosse contrariado assim. Mas como todo milagre tem seu limite, ninguém a conhece aqui, então ela mora no rio de janeiro e faz um bom sucesso por lá, mas também, seria pedir demais, para que a menina além de ser daqui, cantar bem, ainda gostarem dela nesse no estado, acho que se ela vier cantar por aqui vão apedrejá-la.
Dizem que eu sou intransigente e não respeito o gosto alheio, mas digo que é exatamente o contrario, por aqui por esses lados esquecidos do Brasil, gente como eu, que não gosta de dj, tecnobrega e aparelhagem, simplesmente não tem vez. Meus ouvidos são bombardeados impiedosamente por toneladas diárias do mais podre lixo sonoro disponível no mercado fonográfico mundial, estou no limite do suportável.,
Mês passado tive que ir a Belém, fui “curtindo” o CD o Melhor do Pop Som, Jesus Cristo, foi a segunda pior viajem da minha vida, só não foi pior do que a viajem que capotei o carro e cai de uma ponte. O CD foi tocado duas vezes, mais ou menos 4 horas consecutivas, justamente o tempo da viajem. Quase chegando ao meu destino o disco finalmente acabou pela segunda vez e o motorista trocou para o rádio, por mais inacreditável que pareça estava tocando la solitudine na voz da Laura Pausini, o meu ouvido quase que entrou em colapso te tanta felicidade, mas infelizmente a alegria durou pouco, um bêbado que estava do meu lado e mais 90% dos passageiros da mesma reclamaram da música, o bêbado disse simplesmente:
-Motorista c..... tira essa música palha (no linguajar dele, palha quer dizer ruim).
Então quase todos apoiaram o bêbado:
-Verdade, verdade motorista.
O motorista então, pegou novamente seu disco do melhor do Super Pop, e colocou pela 3ª vez.
Sinceramente não queria muito, apenas ter minha liberdade de ouvir o que eu escolho de volta, faz muito tempo que não deixam, você sai pra um barzinho e em 15 minutos aparece um idiota que abre o porta malas cheio de leds e alto-falantes ruins e simplesmente coloca no volume máximo seu som, não importa se 90% das pessoas que está lá gostam, ele simplesmente esta agredindo os ouvidos dos outros 10%, invadindo a liberdade de escolha de não ouvir, está ai a diferença, não sou eu que sou radical e nem intransigente, caso ele estivesse ouvindo com fone de ouvido ele podia ouvir até seus ouvidos sangrarem eu não diria nada, pois não tenho nada haver com isso, mas o problema é que esses idiotas querem incomodar, mostrar que tem um som no carro com led azul.
Queria saber em qual perspectiva eu estou errado? Esse atraso cultural que vivemos também se estende a percepção de limites de liberdade. Ninguém tem direito de obrigar os outros a ouvirem o que estamos ouvindo, isso é básico, não precisa usar muito a mente pra chegar a essa conclusão, mas a maioria não consegue, simplesmente não conseguem pensar por um segundo sequer que estão invadindo o espaço alheio.
Não tenho mais esperança em entrar em uma Van silenciosa pelo menos, ou ir a um barzinho sem idiotas ou que eles usem fones de ouvido, o negocio aqui no Brasil é muito abandonado e no pará mais ainda. Mais qual meu antídoto pra isso? Meu ipod, ele está sendo meu companheiro inseparável, aconselho a todos com o mínimo de bom gosto que compre um, além de tudo ainda espanta os chatos que querem conversar, salvo os bêbados que mesmo assim conversam, mas é uma maravilha.
Eu já ia esquecendo o nome da menina paraense é Liah, lançou um cd chamado livre,vale a pena ouvir.