Esses dias fui convidado a falar sobre drogas em uma
escola próximo de onde trabalho, disse que não sabia se era a
pessoa mais adequada a falar sobre o assunto, mas mesmo
assim fui. Disse o que sempre digo em relação, quando me
perguntam sobre drogas, falei o seguinte: dizem que as drogas
são ruins não dizem? Mas não é verdade, elas são
maravilhosas. Todos me olharam com uma fisionomia de
espanto ímpar, como se estivessem esperando eu voltar atrás
e dizer que era mentira, ou brincadeira. Mas reafirmei para
todos aqueles que ali se encontravam.
Certas coisas acabam por virarem tabu, e poucos tem a
coragem e a sinceridade necessária para quebrar com o
conceito. Estabeleceu-se que todo mundo que fosse falar de
drogas, tinha que dizer que ela é ruim, e assim ficou. Parecia
meio que proibido falar diferente.
Não podemos simplesmente dar desculpas simplista hoje
em dia para nossa juventude. Antigamente bastava-se dizer
que era ruim para encerrar o assunto, mas essa pratica está
provada que não foi eficiente e precisa ser revista, além do
mais, o nível de acesso de informação de um jovem de hoje, é
milhares de vezes maior, que o nível de informação de alguns
anos atrás. Não podemos simplesmente dizer “porque não” ou
“Porque sim” ou mesmo “aquilo é ruim” e pronto. As meias
verdades não funcionam mais.
Se seu filho, aluno, sobrinho, enteado lhe perguntar sobre
a droga diga a ele que a sensação é muito boa, mas as
consequências são infinitamente piores do que tudo que ele
possa imaginar, pois dizer que é simplesmente ruim faz surgir
na cabeça dos mais novos a seguinte dúvida, se é tão ruim
assim, como existem tantas pessoas utilizando? E quando há
dúvidas na cabeça de um jovem, tenha certeza que irá surgir
uma imensa vontade de saber onde está a verdade. E
adivinhem como ele vai querer saber a verdade?
Experimentando é claro.
Muitos usuários de drogas hoje em dia são fruto da
curiosidade despertada em razão de respostas inadequadas.
Não podemos minimizar as respostas com a finalidade de não
querer perder tempo, é preciso sentar com o jovem e
esclarecer toda a verdade, sanar todas as dúvidas, mostrar a
realidade daqueles que foram atraídos pelo efêmero prazer da
primeira vez, (que nunca mais se repete). Das famílias
destruídas, dos amigos que desaparecem e das dores que
ficam. Mostre a história de todos os notáveis que foram embora
em decorrência do vicio, de o quão o mundo seria melhor e
mais bonito se eles estivessem aqui. Fale da Janis, de Elvis,
Elis, Cobain, fale de Cássia e Amy, Apresente a beleza de
suas artes inacabadas. Digam que não há dor nenhuma que
justifique se destruir. Fale sobre Deus e luz, fale de amor, leia
uma poesia de Pablo Neruda, escute um disco do Cazuza,
assista A vida é bela de Benigni, andem juntos na chuva,
contemple uma cachoeira, um por do sol, vejam fotos antigas,
enfim, mostre que a vida é cheia de opções e beleza, e por fim
ouça a música Vinte e Nove do Renato.
Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
(Já que você não me quer mais)
Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.
Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.
(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez)
(Vinte e Nove / Renato Russo)
Diga a quem pergunta que a vida é cheia de opções, que
perder um emprego, um relacionamento ou mesmo um amor
não é o fim de tudo. As fugas imediatas não são a saída, todo
é qualquer problema sempre vai acordar com você. As drogas
são brutais demais com nosso frágil corpo, a conta é muito
cara, não vale a pena pagar pra ver. A droga tira do homem, o
que Deus lhe deu de mais importante, que é seu livre arbítrio,
sua livre escola, seu poder de decisão, seu poder de avaliar o
que é certo ou errado, o que se vai ou não vai fazer. Um
usuário de drogas vira um passageiro em seu próprio corpo,
perde a noção da moral, esquece seus bons modos, não sabe
mais de seu costume.
Ter que se iludir ao se encontrar
Com mecanismos de uma bruta ilusão
E não sentir o que é real
O que é viver, o que é ser,
Se já não sente se ser
Drogado é ânsia de não ter querer
P'ra que fugir
Se os problemas
Sempre vão amanhecer com você
E não tem fim
Droga, de só querer usar mais drogas
Há tanta coisa p'ra saber,
São tantos rumos p'ra tomar,
São tantas provas p'ra vencer,
Mas como se você
Em uma seringa precisar se esconder
P'ra não enfrentar,
A covardia sempre vai te perturbar
Vai acabar com você.
(Drogas / Joaquim Cezar)
Um dia, conversava com um sábio colega do meio
religioso, e dizia ele acreditar que o fruto proibido (Que não é
uma maça, e inclusive não sei de onde tiraram isso, pois em
nenhum ponto das escrituras bíblicas se fala em maças) fosse
algum tipo de droga, que tivesse o poder de abalar o livre
arbítrio dado pelo criador a sua criatura. Tanto é, que a história
nos conta que ele se escondeu, sentiu vergonha. Mas como se
esconder de Deus? Sua capacidade de entendimento estava
abalada por alguma coisa alucinógena, me dizia o velho amigo.
Passei acreditar na história desse amigo, acho mais
convincente do que a história da maça.
Não crítico aqueles que fogem, apenas acho que não é a
solução, não temos o direito e nem o poder de saber o quanto
dói no coração de cada um, qual o limite. Ou quando vão dizer,
aqui já não dá mais. Essas pessoas não precisam de
julgamento ou preconceito, precisam de Luz, de uma pequena
claridade, no fundo do obscuro buraco que se encontram. De
um pouco de esperança ou de um simples gesto de confiança.
Não somos diferentes de ninguém, somos seres fracos e tristes
por natureza, precisamos de ajuda.
Sei que não sou diferente ou melhor que ninguém, também
estou tentando recuperar meus 29 amigos e ser saudado pelos
meus 29 anjos. Que Deus me ajude.
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