Criam-se alguns padrões incompreensíveis na sociedade,porém, mais incompreensíveis ainda, são as pessoas que os seguem sem ao menos questionar por que os seguem. Ando assistindo a novela das 9, que dentre muitas bobagens retrata a história de um casal que se separa, e a partir disso começam a se odiar e brigar constantemente inclusive com alienação parental fato horrível que um dia eu comento com vocês). Sei que se trata de uma obra de ficção,
mas na verdade corresponde a história de vida de milhares de casais.
Separação não está necessariamente ligada a ódio; certo que haja rancor e magoas; mas ódio não é necessariamente a palavra que deva andar em conjunto com a separação. Existem histórias que terminam sem ódio, mas são históriasque tem como protagonistas pessoas com um grau de maturidade de vida elevado, pessoas que conseguem perceber que em uma união existem diversas coisas a se ponderar, a levar em consideração. Existem muitos casais que se separam ainda se amando por exemplo.
Os radicais dizem que a separação não deve existir, pois Deus estabeleceu que o casal deve permanecer junto até que a morte os separe. Mas a morte de quê? Talvez a morte da
compreensão, da Cumplicidade ou mesmo da confiança. Ou mesmo, quem sabe, Deus tenha se referido à morte da personalidade de quem se amou, sim, muitas pessoas resolvem mudar, e não é obrigação do seu par amar a nova pessoa que ela se tornou. Mas não amar certa pessoa, não significa odiar, querer o mal, repudiar, ou querer arrancar por força de sua memória os dias de convivência bons que passaram.
A separação não significa que o casamento não tenha dado certo. Ele deu sim, deu pelo tempo que durou, os dias bons, os momentos felizes e especiais não devem ser esquecidos. Tentar apagar isso. É mutilar uma parte de sua memória. Mesmo que o rompimento se dê por algo imperdoável (Sim, há coisas imperdoáveis no mundo), o fim da união não deve ser sinônimo do ódio, da raiva e da aversão. É extremamente necessário que se cultive na mente os momentos bons, as lembranças de festa, mesmo porque, quase todas as uniões se desfazem por causa de um “equívoco imperdoável”; a separação ocorre quando ainda há amor, pois tais equívocos são tão repentinos, que o amor permanece inabalável, e muitas vezes se mostra maior do que o imaginado. A sensação de perda, Da à amplitude exata de o quanto certo alguém é importante e indispensável em sua vida. Ainda assim, quase sempre a separação é a única saída quando se trata de situações imperdoáveis, pois mesmo havendo amor, a mágoa gerada por tal acontecimento acaba por tornar a união algo insuportável. Então porque destruir a quem ainda se ama? Por que a sociedade diz que deve ser assim? Não acho que seja umaboa justificativa.
Dizem que nosso coração é bobo, mas não é. Ele sabe ponderar as coisas. Um erro não apaga anos de alegria, dias de felicidades, fotos de aniversário, férias de verão, banhos dechuva e abraços apertados. Nosso coração não é injusto comoqueríamos que fosse. Por isso ele faz com que continuamos aamar as pessoas que nos machucaram. Isso é quase que universal, mas sublime mesmo é admitir tudo isso sem culpa, é fazer diferente, é não ficar ouvindo fofoquinhas para se convencer de que seu par realmente “Não Prestava”, ou falar para todos que não quer ver a pessoa de maneira nenhum, enquanto seu coração está em desespero para enxergá-la
mesmo que de longe, sentir, mesmo que lá no fundo seu cheiro, ou ouvir de seus lábios, pelo menos, um “oi”.
É sublime admitir que ainda gosta, sentir saudades sem culpa, relembrar bons momentos, remexer fotos antigas, tirar aquela roupa do fundo do guarda roupa e sentir seu cheiro.
Ouvir um disco antigo ou ir a um lugar que sempre iam. Fazer isso não é demérito nenhum, é sim valorizar as coisas que lhe fizeram bem. Em vez de valorizar somente o que te fez mal.
Eu não me perdi
e mesmo assim você me abandonou
Você quis partir
e agora estou sozinho
Mas vou me acostumar
com o silêncio em casa
com um prato só na mesa
Eu não me perdi
o Sândalo perfuma o machado que o feriu
Adeus, adeus, adeus meu grande amor
E tanto faz
de tudo o que ficou
guardo um retrato teu
E a saudade mais bonita
Eu não me perdi
e mesmo assim ninguém me perdoou
Pobre coração -quando o teu estava comigo era tão bom.
Não sei por que acontece assim e é sem querer
O que não era pra ser:
Vou fugir dessa dor.
Meu amor, se quiseres voltar -volta não
Porque me quebraste em mil pedaços.
Renato Russo
A música acima (Que por sinal eu acho uma das maislindas do mundo) sintetiza muito bem a ideia central do texto,fala de uma relação que se acabou, mesmo havendo amor ainda. Fala de alguém que guarda um retrato com “A saudade mais bonita”. Deixa transparecer uma maturidade e equilíbrio imenso quando cita, por exemplo, que “O sândalo perfuma o
machado que o feriu”, ou seja, posso amar alguém que me machucou sem problema, ou mesmo quando admite sua saudade em “pobre coração, quando o teu estava comigo era tão bom”. O que foi bom, nada nem nenhuma circunstância vai mudar. Por mais que sua “razão” queira. É impossível apagar da mente momentos felizes, ou mesmo negá-los em seu coração.
Existem coisas que não dão para entender, e muito menos conseguimos explicar, tentar ficar imaginando porque certo alguém nos fez algo é muito doloroso, não vale a pena, assim como não vale perder tempo tentando convencer os outros que deixou de amar alguém sem de fato ter deixado. Precisamos de menos teatro e mais sensatez, menos encenação e mais bom senso.
É preciso que se tenha serenidade para relembrar os bons momentos sem reviver magoas, e de saber que nem mesmo o amor sozinho, é capaz de manter duas pessoas juntas. Mas acima de tudo é preciso aprender com a vida e saber discernir o tempo das coisas, dizer não quando necessário. Dizer eu te Amo sim, mas não volte, pois você me quebrou em mil pedaços...
2 comentários:
...Que seja eterno, enquanto dure...
Meu grande amigo poeta!
Lindo, Paulinho... muito lindo!
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