quinta-feira, 12 de junho de 2008

EU EDUCADOR



Hoje estou estreando meu blog novo,(http://www.paulinhoinfo.blogspot.com/) trata-se de um blog de tecnologia, vai ser tipo como se fosse um instrumento para dar aulas, vou usá-lo para me comunicar melhor com meus alunos, estou pensando em umas coisas novas pra implementar o curso que dou, e o blog é uma delas. Descobri que adoro dar aulas de informática, descobri que posso mudar muita coisa, que posso fazer qualquer coisa como professor, ai lembrei que sou professor, sou pedagogo por diploma, quase ninguém sabe, as vezes, nem eu mesmo lembro. Mas tudo isso faz parte, pois não gosto de estreitar meus horizontes dessa forma, quando me perguntam o que sou, digo que eu sou eu, sou os livros que leio, os filmes que assisto, as musicas que faço, os poemas que recito, as comidas que gosto, e principalmente as pessoas que amo. Acho pequeno demais quando alguém se restringe a ser um médico, ou engenheiro simplesmente, como se isso fosse à coisa mais importante da vida, nossa profissão não nos define, eu e você somos grandes demais para cabermos em uma profissão, eu sou eu, dentro disso sim, cabe muita coisa, dentro do “eu” que sou “eu” tem muita coisa, tem um pouco de psicólogo, escritor, musico, poeta, inventor, professor e etc.... Gosto de variar, é legal, hoje por exemplo eu acordei educador e resolvi escrever sobre educação, são 21:00 e preciso terminar de escrever logo, pois não sei o que serei amanha. Fico feliz por isso, vejo os meu colegas de universidade choromingando por ter perdido o emprego de pedagogos contratados, ficam apenas lamentando como se só existisse essa profissão no mundo, pois a partir do momento em que terminaram sua graduação, todas as outras portas se trancaram, não podem mais fazer outra coisa, não sabem mais fazer nada que não seja dentro de uma escola. Dessas pessoas eu tenho pena, pois estreitaram seus horizontes, melhor teria sido nunca ter passado por uma faculdade, desaprenderam, se auto-podaram, empobreceram. A universidade não deveria servir pra isso, seu papel e justamente o oposto, deveria ser um alargador de horizontes, um corredor de portas, uma lente de aumento. Mas sabem por que isso não ocorre? Porque nosso ensino universitário é enciclopédico, estão ensinado seus alunos a decorar, por exemplo os pedagogos, decoram pedaços deslocados de pensamentos de Paulo Freire, Piaget, Emilia Ferreiro, Vygotsky (a maioria não sabe pronunciar). Decoram também que não podem ser “tradicionais”, e que tudo que se diz “tradicional” está errado, se alto intitulam modernos e renovadores, pois assistiram o filme Sociedade dos poetas mortos, a maioria não entende, mas sabem que quem assiste automaticamente se torna revolucionário, ai acham que sabem de tudo e vão dar aulas pros pobres macaquinhos sem entendimento, com seus planejamentos rigorosamente bem planejados de baixo do braço mantém a disciplina e não deixam ninguém falar na sala de aula, e muito menos conversem com o colega do lado, perguntas? Só as do exercício. Ai vão formando mais uma geração de pessoas que não sabem pensar.
Mas o que mais gosto é da arrogância, de achar que sabem de tudo, pois aprenderam tudo na “faculdade”, pobres coitados, não sabem nada, não aprenderam o principal, que é pensar, plasmar seu próprio caminho, trilhar sua própria vida, resolver seus próprios problemas, Leonardo Boff os chama de “agalhinhados” seres que só olham pra baixo em busca das migalhas que os outros jogam. Lembro de um ensaio de um economista brasileiro chamado Stephen Kanitz que li a alguns anos, dizia ele ter sentido muita dificuldade nos primeiros meses na Harvard Business School, nos EUA pois lá, diferentemente do Brasil, o ensino é pautado no aluno e não no professor, enquanto ele foi ensinado que emitir sua opinião na escola regular brasileira era passível de punição, nos EUA era obrigação, era obrigação que todos falassem e dessem suas próprias opiniões a respeito do estudado, dizia ele que sua maior frustração foi ter tido como professor os maiores economistas do mundo mais que ficavam na maioria do tempo calados, ouvindo.Resumindo, nossos professores tem que aprender a ficar calados, deixar que haja interação, conversa, que se aprenda agir coletivamente. O professor brasileiro tem que parar de falar besteira e deixar de mandar os alunos calarem a boca. Nossas escolas estão cheias de professores que não valem a pena. Tem caso que é melhor deixar a criança ficar em casa assistindo a Ana Maria Braga e a Tv Globinho, aprende mais.
Não adianta nada para um estudante de economia decorar toda obra de Adam Smith, ele foi brilhante no seu tempo, mas os problemas que ele resolveu, raramente vão voltar a se repetir, ou seja, de nada vai adiantar o conhecimento enciclopédico acumulado se o aluno não formular sua própria solução. Não adianta nada aprender a calcular a equação de segundo grau se não se sabe onde usar, nem o que é ditongo tritongo e hiato sem saber o principal.
Nossa educação virou uma operação bancária, cheia de burocratas, vomitando artigos da LDB, secretários de educação fazendo lotação, informando o Censo Escolar, carimbando papeis, contando carteiras, e reclamando do “sistema”, fazem isso como se só fosse isso, mas não é, está faltando idéias, ninguém sabe pensar, ninguém tem proposta educacional, plano de educação, nada. Não adianta reclamar do “sistema” sem nem saber o que é realmente o “sistema”, só porque é moda reclamar e colocar toda a culpa nele, não adianta ficar reclamando da falta de verbas, é preciso pensar, construir soluções com o que temos, como o professor que construiu flautas de bambu para seus alunos e ensinou arte de uma maneira diferente no sertão. O que está faltando não é só dinheiro, mas principalmente mentes capazes de planejar.
De tudo, estou empenhado a ensinar meus alunos a pensar. Quero que eles sejam melhores do que eu, essa é minha missão, deve estar pensando o professor que está lendo esse texto,
- que loucura desse cara
Mas é isso mesmo que eu quero, quero que pensem por si só e me superem, pois só assim saberei que minha capacidade de ensinar a pensar foi maior, até mesmo, que meu conhecimento, isso sim, é saber das coisas.

7 comentários:

Elias Vera Cruz disse...

Paulinho, gostei muito do artigo "EU EDUCADOR". Nada mais verdadeiro, penso da mesma forma. Faltou somente encorajar as excessões. Há sim excessões: professores que incentivam a autonomia de pensamento, a libertação, o aprender a aprender; professores que não dão show mas propiciam que seus alunos dêem. Outro dia o Jornal Nacional mostrou um quadro de evolução da educação no Brsil. Eu acredito nisso pois para isso contribuo. O que resta é fazermos um proselitismo para que a regravire excessão e a excessão, regra. Parabéns pelo artigo. Valeu!!!
Elias Vera Cruz

Laudyson de Jesus disse...

Olá companheiro, de fato o "mestre" (Professor, educador) só alcançará o seu objetivo quando o aluno entender que além daquelas quatro paredes do aprendizado, existe um mundo que os espera para testar não o que foi ensinado mas o que se pode fazer com o que foi aprendido.

Paz e Bem!

Anônimo disse...

Como professor é uma pessoa sensacional, de uma capacidade incrivel.Só ñ aprende quem realmente ñ quer pois todas as oportunidades são dadas.Tá uma coisa que nunca deixei de admirar...o seu lado como educador.

Anônimo disse...

Campanha para ser Secretário de Educação?

Rosália disse...

Toc toc tem alguém por aí?
Tô afim de lê...postagens novas!!!!

Anônimo disse...

Sei que não é campanha, mas pode ter certeza de que ele seria um excelente Secretário, assim como é um excelente professor, uma excelente pessoa. Ao contrário de você que deve se roer de inveja dele e é imcompetente e covarde.

Rosália disse...

E mas ainda seria um Secretario Revolucionário.Talvez com um pouco de ousadia a Educação melhorasse.