sábado, 15 de março de 2008

A ESPERA

Esse texto tambem já tem algum tempo, acho que vai falar diretamente com muita gente, ele faz parte de um lado "B" de toda filosofia que eu estudei para fazer meu Trabalho de Conclusão de Curso de minha graduação, foi o q não saiu no trabalho final, mas q de qualquer forma eu teria q aproveita-lo. tenho vários deles, vou posta-los sempre que possível e quem sabe um dia não vire um livro.

A ESPERA

Por muito tempo eu senti algo que não sabia descrever o que era não sabia representar em palavras aquele sentimento, mas um dia eu descobri que existia uma representação para aquilo, o seu nome era nostalgia, sim nostalgia, sofria de nostalgia (do gr. nostós, regresso + álgos, dor) e quer dizer melancolia, abatimento profundo de tristeza, era isso que eu sentia uma tristeza incessante, um abatimento permanente, uma dor que nunca tinha sentido um vazio de não sei o que, uma falta de coisa que não podia definir, não podia dizer, era um sentimento novo, e de total desconhecimento da minha parte, e aconteceu justamente quando meus dias de infância acabaram.

Descobri então que eu estava desaprendendo a ser feliz (dom que todas as crianças têm), estava deixando de ser criança, estava entrando para o grupo de pessoas que esperam que seus dias bons voltem, seus dias de criança retornem que tudo venha a ser como era antes, mais com o tempo acabamos por aprender que os tempos de criança não voltam mais, aí o tempo vai passando e o sentimento de falta recai sobre tempos passados, que quando vividos nem achávamos felizes, mais a fantasia da saudade os transformam felizes em nossa cabeça, os tornam bonitos e perfeitos e automaticamente desejáveis, nosso corpo passa a desejar dia após dia à volta desses dias e é esse o motivo da frese “Eu era feliz e não sabia” que muitos dizem, sempre estamos olhando pra traz lamentando o que passou, essa é uma condição de nossa existência, gostar daquilo que não temos, ou não temos mais.

Não gosto de novelas, mais também não sou contra quem gosta, às vezes assisto e até acho legal, mais não é a razão da minha vida como é pra muitos, mas isso não interessa o que eu quero falar não é de novelas, mais sim de uma música que ouvi em uma novela, não sei de quem é, mas acho que é do Erasmo Carlos (sim é dele mesmo o nome é Lero Lero, acabei de ver na internet) e diz assim: “Meu bem a quantas luas que eu espero” (clique e ouça a música). Ai eu senti uma coisa mais ou menos assim, eu poderia ter dito isso, a quantas luas eu espero, a quantas luas você não espera por alguém? Me responda o contrário alguém que não espera, vou dar até um tempo.........................., um pouquinho mais pra ver se aparece alguém................................, ninguém, todos esperamos por alguma coisa caracterizada na forma de alguém, mesmo sabendo que no fundo aquela pessoa não traga consigo o que esperamos que ela traga, sempre esperamos com muita saudade, com vontade de abraçar, de ter no colo, de ficar de mãos dadas e passear sem preocupação, de contar segredos, de descobrir coisas, de mostrar o jardim que plantamos enquanto ela estava distante, um jardim que escondemos de todos, é só pra ela, esperamos pra mostrar algo que só guardamos pra ela, assim como na música do Roberto Carlos: Estou guardando o que há de bom em mim, para te dar quando você voltar” (clique e ouça a música). esse sentimento que guardamos, são guardados até o dia que essa pessoa voltar, ninguém mais desfrutará dele, é exclusivo, mesmo que os caminhos mudem, as vidas se desencontrem você guardará, pois amores, são amores, são coisas exclusivas, são únicos, não existe amor igual a amor, é sempre diferente. Sempre esperamos por luas, luas e mais luas, esperamos, sempre esperamos.

A vida é cheia de portas, que encontramos e saímos no decorrer da vida, eu classifico em duas categorias de portas da nossa vida, as portas da burocracia, e as portas de amor, que (no caso as de amor) são diferenciadas por um laço em cima delas. As portas de burocracia representam à parte burocrática de nossa vida, as etapas naturais de desenvolvimento, como por exemplo, saio da infância para a adolescência, da adolescência para a vida adulta, abro e fecho portas. As portas de amor são diferentes, são vínculos de sentimentos que deixamos ao entrar e sair de portas burocráticas, são sub-portas movidas por saudade e fantasia. As portas burocráticas são impossíveis de controlarmos, não dependem de nossa vontade, aí então Deus criou as portas de amor, controladas por nós e nos dão liberdade de amarmos e esperamos qualquer pessoa, qualquer coisa independente da distância, das proibições de nossas vidas ou plano que ela esteja, a saudade sempre alimenta essa porta aberta de amor, então amamos a cada dia aqueles que esperamos.

Agora quero dar um conselho muito útil (apesar de não gostar de conselhos) nunca devemos fechar portas de amor por orgulho, por achar que assim nos pouparemos de sofrimento, bobagem, pois assim sofreremos mais ainda, choraremos mais ainda (claro que escondido, pois sempre temos que demonstrar dureza e falta de sentimentos para as pessoas que nos cercam) devemos esquecer de tudo e entrar, sempre que possível, nas portas de amor e encontrar nossos amores, e realizar nossos desejos, nossos sonhos de muitas noites, tardes de solidão e dias de saudade, mesmo que por momentos efêmeros, mesmo assim, viva o momento, pois é de um mosaico de coisas efêmeras que construímos nossas memórias de felicidade, não existe felicidade sem fim, não podemos exigir isso de nossos amores, não podemos querer isso, é falta de inteligência.

Agora eu penso: quantas pessoas vivem a esperar algo que ninguém imagina nem seus amigos e familiares mais íntimos, nem seu caderno de anotações, nem seu diário, ninguém sabe, ninguém idealiza, só ela sabe, só ela espera, mesmo sabendo que a cada dia que passa ele está cada dia mais longe, que as portas burocráticas se fecham cada vez mais rápido, que a velhice esteja chegando e tragando o rosto bonito pelo qual se apaixonou, não importa espera-se e deseja-se que tudo tivesse sido diferente, que o mundo desse duas chances para cada um, uma das chances era pra viver assim, mentindo, enganando a si mesmo, o outro era pra sinceridade, faríamos apenas o que o nosso coração mandasse, sem capas, falaríamos muito mais de amor, de coisas bonitas, de flores, de rosas, falaríamos com quem nos trouxesse prazer, em nossas festas de aniversário estariam todas as pessoas que gostaríamos que tivessem, diferente de como acontece hoje, ou você vai me dizer que em suas festas de aniversário estão todas as pessoas que você queria que estivessem, não, algumas não estão, são incompatíveis com a vida que você leva, você não pode dizer que gosta delas, não pode dizer que elas lhe fazem bem, é contra as regras.

Continuo sofrendo de nostalgia, agora estou sentindo falta da universidade, das minhas amigas, dos meus professores, agora que estou distante sinto falta, apesar de termos feito o trato de sempre estarmos em contato, sinto falta mesmo assim, pois é mentira, todas as turmas fazem esse trato pra minimizar a dor da partida, mas na verdade, a maioria de nós nunca mais vai ser ver, talvez a gente se veja nos supermercados, aí ficaremos olhando com olhos serrados pra lembrar se conhecemos, então lembraremos e diremos você estudou comigo, lembraremos de nossos outros colegas, talvez trocaremos algumas informações sobre outros colegas (onde estão ou o que estão fazendo, os que se foram) e nos despediremos discretamente, meio sem jeito, nada comparado aos dias que passamos na universidade, isso nunca mais voltará.

Creio que talvez isso seja uma das razões da vida, viver a esperar, então fiquemos a aguardar, a sentir de longe quem aguardamos, talvez nós, também sejamos aguardados por alguém, às vezes até sabemos, outras vezes não, às vezes até queremos ir, outras vezes não, às vezes esperamos por quem nos espera, outras vezes não, às vezes vamos atrás de quem esperamos, outras vezes não, às vezes quem esperamos volta, e faz de nossas vidas uma feliz história de amor, outras vezes quem esperamos nunca volta, aí então, olharemos pro jardim que cultivamos pra celebrar sua volta e dizemos, meu amor, porque você não veio?


Um comentário:

A! disse...

Me identifiquei mto com esse texto, sempre me pego pensando nessas coisas, a coisa da "espera" do amanhã, em alguns sentimentos q nunca vão morrer em mim, nas pessoas q nunca mais vou ver.. e etc.
Acho que ando nessa busca, nessa espera por algo que sei que ñ vai chegar, mas mesmo assim espero, e sei que vai "ser pre sempre, mesmo que o pra sempre ñ exista"

Continue escrevendo Paulinho,os teus textos são maravilhosos, tu põe esperança em mtos corações, mesmo q ñ saiba. Sou tua Fã!!!

Abraços...!!!